10 novembro 2016

Construtora é alvo de investigação da Lava Jato em Jaguaruana, no Ceará

Policiais federais visitaram um escritório da Empresa Industrial Técnica S/A (EIT) do ramo da construção localizada no Bairro Juazeiro. (Foto: André Lúcio e Clodomir Lima/Rádio Popular)

A Polícia Federal cumpriu na manhã desta quinta-feira (10) um mandado de busca e apreensão da 36ª fase da Operação Lava Jato na cidade de Jaguaruana, a 183 km de Fortaleza. Policiais federais estiveram em um escritório da EIT - Empresa Industrial Técnica S/A, do setor de construção, localizada no Bairro Juazeiro.

Os policiais chegaram ao escritório em dois carros por volta de 6 horas, conforme moradores da região, e depois deixaram a cidade. O G1 entrou em contato com o escritório da empresa em Fortaleza, mas ninguém foi localizado para comentar o assunto. O escritório em Jaguaruana também foi contactado, mas as ligações não foram atendidas. Conforme o site da EIT, a empresa está presente também em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Natal e São Luís.


Policiais chegaram ao local por volta das 6 horas
(Foto: André Lúcio e Clodomir Lima/Rádio Popular)

Operação Dragão

A operação também ocorre nos estados do Paraná e São Paulo. A ação foi batizada de Operação Dragão e cumpre 18 mandados judiciais, sendo 16 de busca e apreensão e dois de prisão preventiva.

O empresário e lobista Adir Assad, que já está preso na carceragem da PF, em Curitiba, é um dos alvos dos mandados de prisão. O outro é o advogado Rodrigo Tacla Duran, segundo o Ministério Público Federal (MPF). Ele está no exterior e não havia sido preso até as 8h23. Segundo o MPF, a dupla é responsável pela lavagem de dinheiro.

Os mandados de busca estão sendo cumpridos em Jaguaruana, no Ceará; Barueri, Santana de Parnaíba e capital de São Paulo; e em Curitiba e em Londrina, no Paraná.

Segundo a PF, um dos mandados de busca está sendo cumprido na Concessionária Econorte, em Londrina; e outro, em Curitiba, na Construtora Triunfo.

O G1 tenta contato com as defesas das empresas envolvidas.

Adir Assad foi condenado na Lava Jato a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele foi preso pela primeira vez na operação em março de 2015, na 10ª fase. No entanto, em dezembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu prisão domiciliar a ele. Posteriormente, no dia 19 de agosto deste ano, o juiz Sérgio Moro determinou que Adir Assad voltasse à prisão.

Investigações

Conforme a PF, a atual fase investiga dois operadores financeiros responsáveis pela movimentação de recursos de origem ilegal, principalmente oriundos de relações criminosas entre empreiteiras e empresas sediadas no Brasil com executivos e funcionários da Petrobras. Entre os crimes investigados estão corrupção, manutenção não declarada de valores no exterior e lavagem de dinheiro.

Segundo o MPF, as investigações apontaram diversas evidências de que os operadores usaram mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro, entre eles o uso de contas bancárias em nome de offshores no exterior, a interposição de empresas de fachada e a celebração de contratos falsos.

Rodrigo Tacla Duran foi responsável por lavar dezenas de milhões de reais por intermédio de pessoas jurídicas por ele controladas, ainda de acordo com os procuradores.

"Diversos envolvidos no caso valeram-se dessas empresas a fim de gerar recursos para realizar pagamentos de propina, como a UTC Engenharia e a Mendes Júnior Trading Engenharia, que repassaram, respectivamente, R$ 9.104.000,00 e R$ 25.500.000,00 ao operador financeiro entre 2011 e 2013. No mesmo período, outras empresas contratadas pela administração pública também realizaram depósitos de mais de R$ 18 milhões com o mesmo destino", disse o MPF.

As investigações da força-tarefa da Lava Jato também comprovaram que Adir Assad repassou R$ 24.310.320,37 para Rodrigo Tacla Duran. "No mesmo sentido, empresas ligadas a outro operador, Ivan Orefice Carratu, pessoa ligada a Duran, receberam de Adir Assad a quantia de R$ 2.905.760,10", disseram os procuradores.

O nome dado à operação "é uma referência aos registros na contabilidade de um dos investigados que chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior", disse a PF.

Fonte: G1