11 março 2017

Operações de segurança mudam locais antes dominados pelo tráfico em Fortaleza.


A Polícia ocupa área da comunidade do Gueto, instalada em uma antiga fábrica de roupas

As forças de Segurança do Estado do Ceará e do Município de Fortaleza completam hoje uma semana da primeira ocupação de policiais militares em áreas consideradas de risco na Cidade. Chamados redutos de facções criminosas que atuam no Ceará, o Morro do Santiago e a comunidade do Gueto, na Barra do Ceará, estão ocupados na primeira fase da Operação Marco Zero. Segundo o comandante da operação, coronel Aginaldo de Oliveira, outros locais receberão os trabalhos.

Sobre o assunto

Na tarde de ontem, O POVO visitou os locais para acompanhar a operação. “O foco foi mostrar a força e o empoderamento do Estado e fazer uma ponte dessa questão comunitária com a PM”, resumiu a tenente-coronel Keydna Carneiro, subcomandante da operação. No alto do Morro de Santiago, foi montada uma tenda onde policiais ostensivamente armados fazem guarda 24 horas. Para demarcar a chegada do efetivo, foi fincada uma bandeira com o símbolo do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

“A gente mapeou em Fortaleza os bairros com maior índice de criminalidade e resolveu fazer atuação em cima delas. Como aqui (o Marco Zero) era vanguardista, foi a área inaugural”, disse a subcomandante da ação. De acordo com ela, não houve conflito durante a entrada da PM: “Aqui se dizia que era dominado por facções e, no fim das contas, a gente percebeu que não. Todos sumiram”.

Durante visita do O POVO ontem, foram vistas pichações com indicações de grupos criminosos, com ameaças contra roubos na comunidade. Francisca Ferreira, 37, mora no local há mais de 20 anos e considera que o clima melhorou com a chegada dos policiais. “Aqui tinha muito tiroteio, eu vivia com medo. Agora a gente pode sentar na calçada à noite”.

Nesta semana de operações, a Polícia ocupou Parque Leblon, na Caucaia, os bairros Vila Velha e Pirambu e a área do Gueto, em Fortaleza. De acordo com os comandantes, o mapeamento era feito desde o dia 9 de fevereiro. Em toda a área, são 250 homens de PM e Guarda Municipal. “As pessoas da região, por medo, sequer nos cumprimentam. Mas, aos pouquinhos, vão se chegando. Isso é um trabalho de tempo”, acredita o coronel Aginaldo.

O coronel afirma que cerca de 8 toneladas de lixo que faziam barricadas nas comunidades para impedir a entrada de policias foram retiradas. Também foi reforçada a iluminação pública e foram executadas ações como emissão de documentos, testes de glicemia e apresentações musicais.

Gueto


O Gueto é uma comunidade nas instalações da antiga fábrica de roupas Vilejack, na Barra do Ceará. Diferentemente do morro, ali não há tenda e não foi possível a entrada da equipe do O POVO por um dos policias não considerar suficientemente seguro ir com o carro do jornal. Do lado de fora, foi possível perceber a presença de policiamento ostensivo e cavalaria. Maria Barbosa, 38, reside na comunidade há 9 anos e gosta da presença da PM. “Espero que continue”, afirma.

Na página oficial do Facebook, o secretário da Segurança Pública do Estado, André Costa, publicou ontem uma foto de policiais na área, enaltecendo a ocupação. Um dos seguidores questionou a passagem temporária dos agentes pelo local. “Entrar entra, quero ver é permanecer. Caro secretário, todos sabemos que assim que a Policia sair volta tudo de novo”, escreveu.

Em resposta, André Costa afirmou: “Mas entramos, reconhecemos o local, mostramos a força da Polícia. Realizamos prisões esta semana com a ocupação. Prendemos quase dez homicidas e traficantes. Enfim, nunca agradaremos a todos, mas quem mora na região tem sido muito grato ao nosso trabalho”, escreveu.

EDUARDA TALICY - O Povo ONline.

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