01 maio 2017

Velório de Belchior em Sobral tem cortejo e banda tocando suas músicas

Corpo de Belchior chega ao Theatro São João, em Sobral (CE), cidade natal do músico, para ser velado
Wellington Macedo/Futura Press/Folhapress

O corpo de Belchior, morto aos 70 anos neste domingo (30), em decorrência de um rompimento da aorta, está sendo velado no Theatro São João, em Sobral (CE), terra natal do cantor, na manhã desta segunda-feira (1º). No início da tarde o corpo seguirá novamente em avião para outro velório, em Fortaleza, programado para acontecer no Centro Cultural Dragão do Mar.

O avião que fez o traslado do corpo de Belchior de Porto Alegre para Sobral, a 232 km de Fortaleza, aterrissou na cidade cearense às 7h29. Estavam no voo fretado pelo governo do Ceará a viúva de Belchior, Edna Prometeu, e duas irmãs do compositor, Lília e Angela, além de alguns sobrinhos. Do aeroporto, o caixão seguiu em cortejo pelas ruas de Sobral em um carro do Corpo de Bombeiros até o teatro.

Na chegada ao teatro, a banda da cidade tocou "Apenas Um Rapaz Latino-Americano". E, durante todo o velório, estão sendo executadas canções do compositor na cerimônia aberta ao público.

Angela Belchior disse ao jornal "Diário do Nordeste" que a morte do irmão, que vivia em Santa Cruz do Sul (RS), a 150 km de Porto Alegre, pegou a todos de surpresa. "Apesar dos anos sem rever os parentes, nós nos amávamos. E escolhemos tê-lo nesse último momento em sua cidade, que é Sobral. Depois seguiremos para Fortaleza onde meu irmão será velado novamente e sepultado junto dos nossos pais", falou.

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, conhecido como Belchior, despontou nos anos 1970 com álbuns como "Alucinação" (1976), que trazia os clássicos "Apenas um Rapaz Latino-Americano", "Velha Roupa Colorida" e "Como Nossos Pais" -que ficou conhecida na voz da cantora Elis Regina.

Nascido em Sobral, no Ceará, em 26 de outubro de 1946, Belchior estudou medicina em Fortaleza, mas abandonou o curso antes de se formar para se dedicar a vida de músico.

Entre 1965 e 1970, tocou em festivais de música no Nordeste e, em 1971, venceu o IV Festival Universitário da MPB com a canção "Na Hora do Almoço", cantada por Jorge Melo e Jorge Teles.

Foi nos anos 1970 que o compositor consolidou sua discografia, sempre com letras que se aproximam das artes, da filosofia e da literatura. "Mote e Glosa" (1974), seu disco de estreia, é o cartão de visitas do projeto musical de Belchior. O trabalho contém canções como a que dá título ao álbum, além de "A Palo Seco" e "Todo Sujo de Batom".

Dois anos depois, ele lança "Alucinação", álbum que marca a sua carreira e que o firmou como grande revelação da MPB. Nele, estão clássicos como "Apenas um Rapaz Latino Americano", "Como Nossos Pais", "Velha Roupa Colorida" e "Sujeito de Sorte".

Sucesso popular e de crítica, o músico chegou a lançar mais álbuns, entre eles "Coração Selvagem" (1977), "Era Uma Vez um Homem e o Seu Tempo" (1979), "Cenas do Próximo Capítulo" (1984), "Elogio da Loucura" (1988) e "Baihuno" (1993), que consolida as principais ideias que o músico teve em sua carreira.


* Folha de S. Paulo.

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