14 fevereiro 2018

Escola de samba carioca criticou retirada dos direitos trabalhistas, mas faz mal uso da CLT.



Um dos assuntos mais comentados dos desfiles das escolas de samba, que aconteceram em São Paulo e no Rio de Janeiro, nas últimas noites foi o desfile da carioca #Paraíso do Tuiuti.

A escola de São Cristóvão abordou os 130 anos da Lei Áurea, que libertou os escravos em 1888. Com o tema “Meu Deus, Meu Deus, está extinta a escravidão?”, a escola falou também sobre a Reforma Trabalhista, implantada pelo governo de Michel Temer (MDB).

Durante o desfile, um dos personagens que se destacaram foi o “vampiro neoliberalista” [VIDEO], clara alusão ao presidente Temer. Mas, nesta terça-feira (13), uma reportagem publicada pelo site do Instituto Liberal de São Paulo (Ilisp) mostrou a hipocrisia da escola de samba carioca.

Sem CLT

A Paraíso do Tuiuti mostrou ser uma ferrenha crítica daqueles que são contra a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Pelo menos no desfile. Na vida real, a situação é bem diferente.

De acordo com pesquisa do Ilisp, em 2017 a escola empregou apenas três funcionários no regime CLT. O levantamento foi feito por meio dos microdados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Duas dessas contratações foram feitas em maio de 2017: dois jovens aprendizes de 16 e 17 anos, que foram contratados por 20 horas semanais cada. O salário era de R$ 533,00 por mês.

Em outubro, a escola teria feito a terceira contratação. Desta vez, um homem de 23 anos, com ensino superior completo, que trabalharia 40 horas semanais e receberia R$ 2.618,00 por mês.

Para chegar aos dados, o Ilisp consultou as contratações feitas por “organizações associativas ligadas à cultura e à arte” em São Cristóvão, bairro sede da Tuiuti, utilizando o Código e Descrição de Atividade Econômica (CNAE), no caso de número 94936.

Mão de obra

Para colocar uma escola de samba na avenida, inúmeros trabalhadores são envolvidos na construção de carros, costura de fantasias, entre outras coisas. Mas pelo jeito, CLT não é o forte desse pessoal.

O serviço autônomo é comum para os cargos mais simples, como de costureira. No caso de mestres de bateria (quando estes recebem salário) e os intérpretes de sambas enredo, a contratação é feita por meio de emissão de nota. A pessoa abre uma empresa em seu nome e emite nota de acordo com o serviço prestado.

A modesta escola Paraíso do Tuiuti, que oscila entre a divisão principal e as divisões inferiores do #Carnaval carioca, é uma das que se utilizam desta forma de trabalho. Nas redes sociais, as pessoas se dividiram entre elogiar a escola pela crítica social e outros passaram a chama-la de hipócrita, por defende aquilo que não pratica. No final das contas, o enredo pode ter sido um tiro no pé. #reforma trabalhista.


*Blastingnews

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