
Dez das 27 unidades federativas foram contempladas com os equipamentos. Estados como Maranhão, Alagoas e Bahia, que estão à beira de colapso no sistema público de saúde, não receberam nenhum respirador do governo federal.
No Maranhão, a União chegou a tentar barrar a entrega de 68 aparelhos comprados pelo estado no exterior, fato que gerou imbróglio político, apesar de o próprio governo federal alegar que a compra dos itens é, na verdade, responsabilidade dos mandatários de cada unidade da Federação.
Vale ressaltar que o Maranhão é governado por Flávio Dino (PCdoB), alvo de Bolsonaro, em julho do ano passado, em conversa com Onyx Lorenzoni, então ministro-chefe da Casa Civil. Na ocasião, o mandatário do país disparou: “Dos governadores de ‘paraíba’, o do Maranhão é o pior. Não tem que ter nada com esse cara”.
Solução nacional
A compra dos 14.100 respiradores começou no início de abril, ainda na gestão Mandetta, e continuou na administração de Teich, que, durante os 28 dias no comando do Ministério da Saúde, foi pressionado por governadores em relação à aquisição dos equipamentos.
Nesse meio tempo, Teich cancelou a compra de 15 mil respiradores que viriam da China, pois as encomendas não estavam sendo entregues, e prometeu solução nacional.
Foi o ex-ministro que previu o prazo de três meses para a entrega, para cobrir o momento mais crítico da pandemia de coronavírus no Brasil. Em resposta enviada ao Metrópoles após a queda de Teich, já sob o comando interino do general Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde não mencionou o prazo e sequer a quantidade de respiradores que vai enviar.
“Cabe esclarecer que a compra destes equipamentos é de responsabilidade dos estados e municípios. Mas, devido à escassez mundial do equipamento diante do cenário de emergência em saúde pública por conta da pandemia do coronavírus, o Ministério da Saúde utilizou o seu poder de compra para fazer as aquisições em apoio aos gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz a nota da pasta.
Os 10 estados que já receberam respiradores são Amazonas (90 aparelhos); Ceará (75); Paraíba (20); Pernambuco (50); Amapá (45); Pará (80); Paraná (20); Santa Catarina (17); Espírito Santo (10); e Rio de Janeiro (150). O custo dessas aquisições, segundo o Ministério da Saúde, foi de R$ 31,9 milhões.
Nem todos os estados que não receberam precisam da ajuda imediata do governo federal para evitar a fila por respiradores, mas alguns necessitam e não conseguem.
É o caso de Alagoas, que já confirmou 3.212 casos de coronavírus e 187 mortes. O Ministério Público alagoano e o MP Federal já questionaram o Ministério da Saúde sobre uma promessa feita no início de abril de enviar 30 respiradores para o estado, mas não tiveram resposta sobre o cronograma das próximas entregas – assim como o Metrópoles.
Na Bahia, que também não recebeu nenhum respirador do governo federal, a situação também não é confortável. O estado teve confirmadas nesta sexta (15/05) 8.128 pessoas testadas positivo para Covid-19 e registra 281 mortes.
Segundo o prefeito de Salvador (DEM), ACM Neto, a capital está conseguindo a duras penas evitar o colapso do sistema.
“O colapso estava previsto pelos estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para acontecer ontem [quinta], nos casos dos leitos clínicos para pacientes com a Covid-19, e, para as UTIs, no dia 20. Mas, graças à ampliação do suporte em saúde e às medidas de isolamento social, conseguimos derrubar a taxa de transmissão e o colapso não aconteceu. Até o dia 24, posso dizer que não há risco de saturação. Mas ele ainda existe”, explicou o prefeito.
No início da pandemia, o Brasil contava com 65.411 respiradores, sendo 46.663 no SUS.
Pressão parlamentar
Representante do Mato Grosso do Sul, um dos estados que não receberam respiradores até agora, o deputado federal Fábio Trad (PSD) informou ao Metrópoles que fará um requerimento ao Ministério da Saúde na próxima segunda-feira (18/05) para saber as razões da demora.
“A instabilidade política do governo federal, com idas e vindas em plena pandemia, é fator determinante para este atraso que contribui para o aumento de mortes”, afirmou ele.
“Meu estado, embora não esteja entre aqueles mais críticos, hoje passou a registrar preocupantes sinais de crescimento de infectados. É injustificável a demora e a falta de explicação em um contexto de aumento rápido dos infectados”, conclui Trad.
*Metrópoles
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