07 abril 2017

Inflação oficial sobe 0,25% em março, menor taxa para o mês desde 2012

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A inflação oficial medida pelo IPCA subiu 0,25% em março, frente ao mês anterior. Esta é a menor taxa para o mês desde 2012, quando atingiu 0,21%. Em março de 2016, tinha ficado em 0,43%. Em fevereiro deste ano, o índice tinha subido 0,33%. Com a alta de 0,25% em março, o resultado acumulado em doze meses ficou em 4,57%. Os resultados vieram exatamente em linha com a projeção média de analistas de mercado, que aguardavam números conforme os divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.

No primeiro trimestre, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,96%, bem abaixo dos 2,62% de igual período de 2016. É a menor alta acumulada em um primeiro trimestre desde 1994, ano do Plano Real.

Mais da metade da alta de 0,25% da inflação de março veio do item energia elétrica. A previsão do Bradesco era de que a inflação fechasse março com alta de 0,23%.

Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE, o primeiro trimestre de 2016 apresentou taxas muito fortes, sob influência principalmente dos alimentos, que cresciam de forma significativa. Com a retirada dessas taxas elevadas, ela diz que vemos uma ladeira abaixo da inflação em 2017:

— É o segundo mês seguido em que o IPCA fica na casa dos 4%, o que não víamos desde 2012. Isso significa, matematicamente, que o Brasil está deixando as taxas muito altas para trás e os efeitos que levavam às taxas muito elevadas para trás e tem força para que alguns itens até caiam. Quando olhamos a tabela dos grupos, como vestuário e artigos de residencia, o resultado negativo reflete o cenário de desemprego e queda da renda, ou seja, as pessoas não estão comprando. O consumo estava inibido.

ENERGIA PUXA PREÇOS

O item energia elétrica foi o componente de maior peso no IPCA de março: a alta de 4,43% no mês representou 0,15 ponto percentual no índice, ou seja, mais da metade dos 0,25%. O aumento se deve à cobrança da bandeira tarifária amarela (R$ 2 a cada 100 kwh consumidos), aliado à elevação nas parcelas do PIS/Cofins dependendo da região analisada.

No Rio de Janeiro, também houve reajuste de tarifas em concessionárias de energia a partir de 15 de março: 9,81% na Light e redução de 5,19% na Enel Distribuição (antiga Ampla).

A alta na energia também impactou o item habitação, que teve elevação de 1,18% no mês passado, diante do aumento do preço do botijão de gás em 1,13%, reflexo do reajuste médio de 9,80% ao nível das refinarias,concedido pela Petrobras para entrar em vigor a partir de 21 de março.

A energia teve alta de 6,74% no Rio de Janeiro, a maior entre as regiões analisadas pelo IBGE. Em seguida, está Belo Horizonte (5,59%), Goiânia (5,17%), Curitiba (5,17%) e São Paulo (4,80%) com as maiores elevações no item. Segundo Eulina, a energia foi responsável por quase 60% do IPCA.

— Temos a questão dos reservatórios, que estão ficando baixo e estão precisando ser acionadas usinas termelétricas, o que significa custo adicional, representado por bandeiras, amarela, verde e vermelha. Além de ter sido reintroduzida (a bandeira amarela), houve reajuste na bandeira. Para cada 100 quilowatts/hora consumidos, pagamos R$ 2 para cobrir custos com termelétricas — explicou Eulina.

ALTA EM EDUCAÇÃO

Com alta de 0,95%, educação foi a segunda maior variação do índice de preços, mas caiu fortemente frente à alta de 5,04% de fevereiro, comum nos primeiros meses do ano diante dos reajustes de mensalidades escolares.

O grupo alimentação e bebidas teve alta de 0,34% em março, ante queda de 0,45% no mês anterior. Produtos importantes para o consumidor ficaram mais caros como o leite longa vida (2,60%), café (1,89% no mês; 21,42% em 12 meses) e o pão francês (0,91%). O tomate teve expressiva alta de 14,47%, mas recuo de 26,92% nos últimos 12 meses. Açaí e cenoura subiram 8,47% e 6,83%, respectivamente, no mês, mas caíram 4,31% e 45,47% no último ano. Ovos (5,86%) e pescados (3,43%), comumente consumidos no período que antecede a Páscoa, também se valorizaram.

— Chama atenção o que aconteceu com os alimentos, que vinham caindo e ficaram em fevereiro com -0,45%. Como são muito importantes no orçamento das famílias, em fevereiro contribuíram muito para puxar o resultado de fevereiro para baixo. Mas voltaram a subir: 0,34% em março — aponta a coordenadora do IBGE, acrescentando:

— Os alimentos subiram porque caíram muito em fevereiro. Toda a safra de alimentos prevista para esse ano é que seja 21,8% maior que a safra de 2016. É uma safra muito grande, que, em fevereiro, vinha em processo de escoamento e vimos esse movimento de fevereiro para março explicado por alguns itens, muitos deles ligados à Semana Santa. Vimos que ovos aumentaram muito, as pessoas vêm estocando ovos para vender nesse período, assim como peixes.

Alimentos como feijões preto (-9,11%), carioca (-5,59%) e mulatinho (-4,50%) tiveram impacto negativo expressivo nos índices. Chocolate em barra e bombom e farinha de trigo recuaram 4,19% e 3,50% no mês, respectivamente.

O custo da refeição fora de casa subiu 0,41% na média nacional em março, ante leve alta de 0,11% em fevereiro. A maior elevação foi em Porto Alegre (1,81%), seguida de Recife (1,48%) e Curitiba (0,83%). Rio de Janeiro e Salvador tiveram quedas de 0,10%, assim como Fortaleza e Belo Horizonte recuaram (-0,38%) e (-0,45%).

Quatro dos nove grupos tiveram queda nos preços: transportes (-0,86%), comunicação (-0,63%), artigos de residência (-0,29%) vestuário (-0,12%). O destaque ficou com a gasolina, do grupo de transportes, que teve queda média de 2,21% no preço. Apenas Recife viu o preço do combustível subir, uma alta de 0,71% em março. O etanol também caiu, 5,10%. A passagem aérea também contribuiu expressivamente para o recuo do grupo, com preços menos 9,63%.

O grupo comunicação foi impactado pela redução nas tarifas de ligações de aparelhos fixos para móveis anunciada em 25 de fevereiro, o que levou o item telefone fixo cair 2,24%.

O grupo saúde e cuidados pessoais subiu 0,69% em março, puxado principalmente pela alta de 1,07% de planos de saúde no mês (que têm variação acumulada de 13,57% em 12 meses) e de 0,71% do item higiene pessoal. Já o grupo despesas pessoas avançou 0,52% no mês passado, com influência da variação de 1,68% do cigarro, que sofreu reajustes em determinadas marcas e regiões a partir dos dias 26 e 27 de fevereiro, segundo o IBGE.

REGIÕES

Por regiões, Fortaleza teve a maior alta no mês, 0,66%, seguida de Recife (0,54%) e Rio de Janeiro (0,38%). No ano as três cidades registram alta de 1,58%, 1,11% e 1,47%, respectivamente. Já nos últimos 12 meses, a variação é de 6,85%, 5,57% e 4,93% nessa mesma ordem.

Apenas Brasília e Belo Horizonte tiveram queda nos preços, de 0,02% e 0,04%, respectivamente. A capital mineira teve influência da redução de 2,27% no preço dos combustíveis. No último ano, os preços nessas cidades tem alta de 0,67% e 0,94%, nessa mesma ordem.

IMPACTOS EM ABRIL


Eulina citou prováveis impactos nos preços em abril. Ela afirma que provavelmente o IPCA medido nos últimos em 12 meses ficará abaixo dos 4,50%, ou seja, inferior à meta de inflação estabelecida pelo governo.

O principal item a ser afetado continuará sendo a energia elétrica. O principal motivo é a compensação de até 19,5%, dependendo do estado, no valor das contas de luz concedida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por uma cobrança bilionária indevida no ano de 2016. Esse processo terá início no mês que vem.

O efeito da bandeira tarifária, que passará para vermelha, também será sentido, segundo a coordenadora. Com a mudança, a cada 100kwh consumidos, o consumidor passará a pagar R$ 3, ao invés de R$ 2. Além disso, os valores no Rio de Janeiro ainda terão efeito do reajuste nas tarifas das concessionárias anunciados em 15 de março. Em Recife, a energia aumentará 2,37% em 29 de abril, segundo ela.

No próximo mês, reajustes em tarifas de água e esgoto também terão impacto nos preços, principalmente no grupo habitação, informou Eulina. Em Recife, foi anunciado reajuste de 7,88% em vigor desde 20 de março. Já em Curitiba, a alteração foi de 5,20%, iniciada em 1º de abril. Além disso, o botijão de gás, que subiu 1,13% em março, teve reajuste médio de 9,80% anunciado em 21 de março.

O grupo de transportes também sentirá efeitos de aumentos. No Rio de Janeiro, a passagem de metrô foi elevada em 4,87% em 2 de abril. A passagem de ônibus urbano em Porto Alegre aumetou 8% desde 31 de março. Em Recife, houve alta de 7% desde 26 de março pelo fim de um desconto específico no valor do bilhete. Em Campo Grande, entrou em vigor em 1º de abril um reajuste de 5,5%.

Por fim, Eulina prevê elevação no preço dos remédios devido a reajuste entre 1,36% e 4,76% em vigor a partir de 7 de abril.

Fonte: Globo.

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