12 novembro 2018

Em entrevista ao Jornal O Povo, Michel Temer diz que não tem razão para temer a Justiça


A menos de dois meses para entregar o cargo ao próximo presidente da República, eleito no final de outubro, Michel Temer (MDB) concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Povo. O emedebista fez um balanço do governo, criticou a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff e disse não temer a justiça após concluir o mandato. Sobre a carreira na vida pública, o presidente deixou em aberto, e disse ainda que não teme riscos à democracia com a ascensão dos militares ao Poder. Confira a entrevista feita por email:


O POVO – O senhor conseguiu executar o que tinha planejado para o País quando assumiu o Palácio do Planalto com o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff?


Michel Temer – Nosso planejamento estava detalhado no documento “Ponte para o Futuro”, da Fundação Ulysses Guimarães, apresentado ao País em 2015, como colaboração ao então governo, que ignorou nossas propostas. Assumi a Presidência da República, por força da nossa Constituição, em meio à maior crise econômica de nossa história. Recoloquei o País nos trilhos e comecei um processo de reformas que moderniza o País e garante o início de um tempo de desenvolvimento sustentável, com resultados positivos para toda a população.


OP – Qual o principal legado do governo nesses últimos dois anos e meio?


Temer – Meu sucessor assumirá a administração de um Brasil bem diferente daquele de 12 de maio de 2016, quando começou nosso governo. Nestes pouco mais de dois anos, com a colaboração efetiva de todos os brasileiros, tiramos o Brasil de profunda recessão. Saímos de um PIB negativo de -8% para índices positivos de crescimento. Temos as menores taxas de juros de todos os tempos. A inflação está controlada e o desemprego está em queda. No mês de setembro, conseguimos mais um recorde: foram criados 137.336 empregos. Esse é o melhor resultado em setembro desde 2013. Esse é o legado: um País reorganizado e pronto para continuar a crescer.


OP – O esforço para conter a crise na economia acabou não resultando em popularidade do governo. O senhor acabou recuando da possibilidade de se lançar candidato à presidência. Por que isso aconteceu?


Temer – Quando assumi disse que não disputaria a reeleição.


OP – Qual foi o momento mais difícil que enfrentou na gestão?


Temer – Governar um País como o Brasil é sempre difícil, pois todas decisões são complicadas e envolvem muitos interesses, não só de âmbito nacional mas com repercussão até no Exterior.


OP – Durante o mandato, o senhor precisou da base parlamentar para barrar duas denúncias da Procuradoria-Geral da República. Teme as investigações após deixar o governo?


Temer – A Câmara votou conforme determina a Constituição e juízo dos próprios parlamentares. Não tenho razão para temer a Justiça.


OP – Após deixar a presidência também encerra a carreira política ou pensa em seguir na vida pública?


Temer – Ainda não defini meu futuro, mas acho que já dei minha contribuição ao logo de quase 40 anos de serviços ao País.


OP – Como o senhor lida com a pecha de “golpista” por parte da esquerda brasileira?


Temer – Isso é uma invenção de alguns grupos para esconder o grande fracasso de uma das piores gestões que o Brasil já teve em sua história. E não há golpe quando a Constituição é cumprida.


OP – Na última eleição presidencial, extremamente polarizada, venceu Jair Bolsonaro (PSL) para comandar o País nos próximos quatro anos. Qual sua perspectiva do novo governo?


Temer – Estamos deixando um governo organizado e com excelentes perspectivas. Veja os indicadores de bolsa de valor. E isso acontece porque a sinalização é de que a nossa agenda de reformas será mantida no próximo governo. Então, eu creio no sucesso do Brasil. Sempre.


OP – Como o senhor observa a ascensão dos militares na política? Crê em riscos à democracia?


Temer – O presidente Bolsonaro foi eleito pelo voto democrático de 57 milhões de brasileiros. Militares são cidadãos como todos os outros brasileiros. A democracia brasileira não corre nenhum risco.


OP – A onda Bolsonaro acabou elegendo governadores, senadores e uma bancada forte na Câmara dos Deputados. No Ceará, o empresário Eduardo Girão, eleitor do presidente eleito, desbancou o presidente do Congresso Nacional, seu correligionário, Eunício Oliveira. Essa onda é longeva?


Temer – Não ouso prever o futuro.


OP – Durante o segundo turno da eleição presidencial, uma manifestação nas redes sociais pedia o #FicaTemer em rejeição aos candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad que disputavam a cadeira de presidente. O senhor tomou conhecimento da mobilização? Como recebeu a campanha espontânea?



Temer – Acho que é o reconhecimento de todo o trabalho da equipe de governo e do esforço que fizemos para sair da crise e encaminhar o Brasil para o rumo certo.


Fonte: Sobral em Revista

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