16 dezembro 2018

Ceará lidera exportação de redes de dormir no Brasil

Uma das unidades pioneiras na produção de redes de dormir fica no sítio Mocotó, distante 12 km do centro urbano de Várzea Alegre

O Estado vende o produto para 21 países. Jaguaruana, no Vale do Jaguaribe, e Várzea Alegre, na região Centro-Sul, são os dois principais polos de produção do Interior cearense. O Ceará é líder do segmento, seguido do Paraná


A rede de dormir é um dos produtos tipo exportação do Ceará. Neste ano, o artigo, característico do Estado, foi vendido para 21 países. O principal destino foi a Alemanha. Há dois principais polos de produção: Jaguaruana, no Vale do Jaguaribe, e Várzea Alegre, na região Centro-Sul cearense.

Líder no Brasil, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o segmento produtivo movimentou US$ 987 mil, entre janeiro e outubro deste ano, valor quase três vezes superior ao alcançado pelo Paraná, segundo colocado.

Os polos produtivos geram emprego e renda no interior cearense. As redes de Várzea Alegre se destacam pelo capricho no acabamento e as varandas feitas em crochê. Uma das unidades pioneiras na produção fica no Sítio Mocotó, a 12 quilômetros do Centro urbano. Um grupo de 14 mulheres sob a coordenação das irmãs artesãs, Maria Miguel de Oliveira, a Rosinha, e Francisca Reinaldo, a Ceilda, produzem diariamente as peças tipo exportação.

A agricultora Aldenira Bezerra é uma das mulheres da comunidade que passou a se dedicar à fabricação de redes. Lembra que antes trabalhava nas atividades domésticas, e no período de chuva, ajudava o marido no roçado. "Agora, todo mês, temos nosso ganho que varia segundo as vendas. Apesar das dificuldades, não temos o que reclamar", diz.

Um grupo de 29 famílias integra a Associação Comunitária do Sítio Mocotó, que foi fundada em 1989, e 14 estão diretamente envolvidas com a produção das redes. O trabalho organizado rendeu, nas três últimas décadas, desenvolvimento à comunidade.

Manual


No passado, havia plantio de algodão e tecelagem em fusos. Os fios da fibra eram desfiados e formavam o tecido, de forma manual. Atualmente, os tecidos e linhas são adquiridos das indústrias, mas o trabalho continua artesanal.

As irmãs Rosinha e Ceilda se destacam na comunidade. São exemplos de resistência. Ambas apresentam deficiência física congênita, mas superaram as dificuldades e organizaram, com apoio do Sebrae, o segmento.

Por meio da iniciativa, Rosinha conquistou espaço e admiração dentro e fora da comunidade. Em 2007, viajou ao México, onde representou o Brasil, sendo a única artesã com necessidades especiais no evento. Em 2009, contou sua trajetória na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

Empregos

Segundo o secretário de Desenvolvimento Agrário e Econômico de Várzea Alegre, Cícero Izidório, o segmento gera cerca de 350 empregos. Somente na unidade do Sítio Mocotó são produzidas por mês 200 redes. Há na cidade a Associação Comunitária dos Fabricantes de Redes de Dormir e Bordados, que reúne artesãs na produção da peça.


Fonte: Diário do Nordeste

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