08 julho 2019

Moro pede licença de cinco dias do cargo de ministro


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, entrou com um pedido de afastamento do cargo para tratar de "assuntos particulares". Ele vai ficar ausente do cargo entre 15 e 19 de julho. A informação foi publicada no "Diário Oficial da União" nesta segunda-feira.

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o afastamento do titular da pasta por cinco dias refere-se a um período de férias, previamente acertado com o presidente Jair Bolsonaro, e e não tem a ver com as mensagens que vêm sendo divulgadas pelo site "The Intercept Brasil" desde 9 de junho. Segundo o órgão, Moro não receberá salário pelos dias afastados e será substituído interinamente pelo secretário executivo Luiz Pontel.

Moro deve viajar com a família, segundo a assessoria do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em janeiro, ele não pôde participar de uma viagem para a Europa com a esposa e os filhos porque teve que assumir o Ministério. "Na prática, o ministro não poderia tirar férias, por ter começado a trabalhar em janeiro. Então está tirando uma licença não remunerada, com base na Lei 8.112", disse a assessoria.

Alvo de novas reportagens sobre diálogos que teria mantido com integrantes da Força-Tarefa da Operação Lava-Jato, Moro se submeteu no último domingo a um teste de popularidade, indo ao estádio do Maracanã assistir à final da Copa América ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

Na última sexta-feira, a revista "Veja" divulgou uma troca de mensagens entre integrantes da Força-Tarefa em que o chefe dos procuradores da operação no Paraná, Deltan Dallagnol, transmite a uma colega um recado que teria sido dado por Moro, para acrescentar uma informação no processo que envolvia um ex-funcionário da Petrobras, Eduardo Musa, acusado de corrupção.

No último domingo, o jornal "Folha de S. Paulo" divulgou que Moro teria sugerido aos integrantes da força-tarefa tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas para o governo da Venezuela, em 2017. Tanto em um caso como em outro, as matérias foram feitas em parceria com o site "The Intercept", fundado pelo jornalista americano Glenn Greenwald, residente no Brasil.

Em entrevista publicada também no último domingo pelo jornal "Correio Braziliense", Moro disse que as mensagens publicadas pela "Veja" foram obtidas por "hackers criminosos" e "podem ter sido adulteradas total ou parcialmente" e que terminou por absolver Musa da acusação citada na matéria, o que demoliria a suspeita sobre ter instruído a denúncia. A resposta à Folha veio por meio do Twitter, em que procurou desqualificar o material. "É sério isso?", indagou.

Pesquisa realizada pelo Datafolha e divulgada no último domingo revelou que a maioria (58%) dos entrevistados reprova a conduta de Moro com procuradores da Lava-Jato. Do total de entrevistados, 58% acham que a conduta de Moro foi inadequada, ante 31% que a aprova. Não sabem avaliar 11% dos ouvidos. Também são 58% os que dizem acreditar que, se comprovadas irregularidades, eventuais decisões de Moro na Lava-Jato devem ser revistas. Para 30%, o ganho no combate à corrupção compensa eventuais excessos cometidos.

(Juliano Basile, Carla Araújo e Isadora Peron | Valor)

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