Ainda que tenha deixado uma série de influencers e empresas de marketing angustiados, a mudança não foi feita pensando neles, mas sim nos usuários. Ao menos segundo o Instagram. De acordo com a rede social, a decisão é parte de uma série de ações que buscam transformar a plataforma em um espaço menos tóxico para a saúde mental de quem a usa.
A discussão não é nova. Boa parte das críticas mais duras ao Instagram — e várias outras redes sociais — fala sobre a criação de uma espécie de realidade de faz de conta, onde todos projetam imagens irreais de sua rotina para se destacar no meio do algoritmo.
“É um excesso de pressão social, numa estética do que alguns teóricos chamam de felicidade tóxica ou imperativo da felicidade. No seu extremo, ela passa a ser prejudicial à saúde emocional das pessoas, gerando mal-estar, baixa autoestima e desconforto”, explicou Rodrigo Nejm, psicólogo e diretor da SaferNet.
O resultado: insegurança generalizada e baixa autoestima, que flutuam constantemente de acordo com o número de curtidas em cada postagem. E não precisa ser assim. “A plataforma pode fazer bem às pessoas, desde que a gente consiga usá-la com critérios que não sejam unicamente de competição, comparação e imperativo de felicidade. Não existe vida perfeita sem momentos de tristeza, derrota e fragilidade. Se começamos a fingir que isso não existe, não é saudável”, destacou Nejm.
Rede social vem anunciando uma série de ações para combater o cyberbullying Foto: Pixabay
Os próprios jovens parecem saber disso. Uma pesquisa de 2017, a Royal Society for Public Health, do Reino Unido, entrevistou cerca de 1.500 jovens sobre qual seria a rede social mais prejudicial a sua saúde mental. O vencedor (ou perdedor) foi o Instagram. “Estudos indicam que, para pessoas que estão em um quadro vulnerável, o uso de algumas plataformas pode agravar o quadro desse sofrimento emocional”, explicou Nejm.
A conclusão, que não é nova, preocupa a plataforma, que hoje acumula 1 bilhão de usuários mensais. Por isso mesmo o comunicado do Instagram sobre o início dos testes ressaltou que a prioridade da empresa é fazer com que não “sintam que estão em uma competição”.
Os próprios jovens parecem saber disso. Uma pesquisa de 2017, a Royal Society for Public Health, do Reino Unido, entrevistou cerca de 1.500 jovens sobre qual seria a rede social mais prejudicial a sua saúde mental. O vencedor (ou perdedor) foi o Instagram. “Estudos indicam que, para pessoas que estão em um quadro vulnerável, o uso de algumas plataformas pode agravar o quadro desse sofrimento emocional”, explicou Nejm.
A conclusão, que não é nova, preocupa a plataforma, que hoje acumula 1 bilhão de usuários mensais. Por isso mesmo o comunicado do Instagram sobre o início dos testes ressaltou que a prioridade da empresa é fazer com que não “sintam que estão em uma competição”.
Para Priscilla Silva, do ITS Rio, a mudança reflete um processo crescente entre as redes sociais: conforme identificamos os problemas causados pelo uso dessas plataformas, é preciso repensar as fundações do design desses produtos. “Estamos tendo de voltar alguns passos atrás para ver como lidamos com esses novos problemas da tecnologia”, explicou.
E se trata de uma conclusão essencial para o futuro da internet. Como destaca Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, a admissão do Instagram de que a arquitetura de seu produto pode não ser benéfica para os usuários é um passo importante uma mudança de comportamento das grandes empresas do Vale do Silício:
“O Facebook (que é dono do Instagram) quer ganhar dinheiro, claro. É uma empresa. Mas isso muda um flanco de conversa muito importante. Entra em decadência o discurso de que a plataforma é só um ator neutro. Não se trata de querer que elas policiem seus usuários, por exemplo, mas reconhecer que seus produtos influenciam os usuários. Agora precisamos construir um valor comum como sociedade para demandar mudanças para elas. Temos de entender, como sociedade, que a plataforma quer participar da conversa.”
*Epoca
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