Consumidores fazem compra em shopping Foto: Valter Campanato- Agência Brasil
No terceiro trimestre deste ano, o que mais contribuiu para o desepenho positivo, pela ótica da produção, foi o comportamento da agropecuária, que cresceu 1,3%. Na sequência, os dois setores que contribuíram para a alta do índice foram a indústria, que avançou 0,8%, e os serviços, com alta de 0,4%.
Pela ótica da demanda, os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), e o consumo das famílias avançaram, respectivamente, 2% e 0,8%. Já os gastos do governo caíram 0,4%.
— O que impulsiona o resultado positivo do PIB é consumo das famílias e investimento. O setor externo e os gastos do governo seguem influenciando para baixo os números. O que explica os resultados negativos das contas externas é a tendência de desaceleração da economia mundial, além da crise da Argentina. Em relação ao governo, é a situação fiscal nos três níveis (municípios, estados e governo federal) — destaca Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
— O resultado positivo do consumo das famílias está atrelado a mais de um fator: o aumento do crédito para as pessoas físicas, a inflação dentro da meta e as concessões das parcelas do FGTS contribuem para explicar esta melhora. Devido a seu peso, a melhora no consumo das famílias também influencia positivamente o comércio e a parte imobiliária.
Mesmo nível de 2012
O consumo das famílias tem um peso muito grande na economia brasileira: responde por 64,7% do valor do PIB. Já o consumo do governo tem peso de 20,2%.
Estimulado pela melhora no consumo, o setor da construção civil cresceu 1,3% em relação ao segundo trimestre deste ano. Na comparação anual, ou seja, com igual trimestre do ano anterior, foi ainda mais: alta de 4,4%. Com isso, o segmento teve o melhor desempenho desde o primeiro trimestre de 2014.
Em relação ao terceiro trimestre de 2018, o crescimento da economia brasileira foi de 1,2%. No acumulado em quatro trimestres terminados no 3º trimestre de 2019, o crescimento é de 1%, frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
Já acumulado do ano até o mês de setembro, o PIB cresceu 1%, em relação a igual período de 2018, informou o IBGE.
Bolsonaro: Brasil vai crescer no 4º tri
Após o resultado, o Ministério da Economia disse que os dados do PIB mostram que a desaceleração 'ficou para trás'. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, afirmou que a expectativa é de crescimento no quarto trimestre.
O IBGE fez várias revisões, que elevaram o desempenho do PIB de 2018 de 1,1% para 1,3%. Também revisou para cima os resultados dos dois primeiros trimestres de 2019.
No 2º trimestre, o resultado foi para uma alta 0,5%, ante leitura de avanço de 0,4%; o resultado do 1º trimestre foi revisado para uma estabilidade, em vez de queda de 0,1%.
Antes da revisão, a expectativa de crescimento era próximo a 1% para 2019, de acordo com o mais recente Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC).
Indústria extrativa cresce 12%
Considerando o terceiro trimestre, o resultado da indústria é reflexo do desempenho dos segmentos extrativistas (avanço de 12%, puxado pelo crescimento da extração de petróleo) e da construção (com alta de 1,3% no período).
A indústria de transformação, porém, teve queda de 1%, o maior tombo entre os subsetores do PIB.
Nos serviços, os destaques foram em atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (com alta de 1,2%), o comércio (que avançou 1,1%) e atividades imobiliárias (com variação positiva de 0,3%).
Por outro lado, a administração pública (saúde, educação, defesa, e seguridade social) registrou queda de 0,6%.
Comparação anual
Na comparação anual (terceiro trimestre de 2019 contra igual período de 2018), a agropecuária avançou 2,1%. As culturas que mais influenciaram para o resultado positivo foram a de algodão (39,7%), milho (23,2%) e laranja (6,3%).
— Cerca de 60% da safra do algodão está concentrada no terceiro trimestre. Por isso, ele representa o maior peso na comparação com o segundo trimestre deste ano. Observamos a saída da soja e a entrada do algodão como contribuição positiva para a agropecuária — indica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE
O resultado da agropecuária poderia ter sido melhor caso o café e a cana-de-açúcar não tivessem apresentado resultado negativo de, respectivamente, 16,5% e 1,1%.
Também na comparação anual, a indústria subiu 1%. Os destaques de alta ficam por conta da construção civil e das indústrias extrativas, com o primeiro subindo 4,4%, influenciado pela construção imobiliária, e o segundo 4%, com o desempenho positivo da extração de petróleo e gás natural. A indústria de transformação foi o peso negativo, caindo 0,5% no período.
Os investimentos, na comparação entre 2019 e 2018, subiram 2,9%, com o crescimento da construção e a produção interna de bens de capital influenciado positivamente o resultado.
O consumo das famílias registrou alta de 1,9% na análise do terceiro trimestre de 2019 frente igual período do ano anterior.
O que contribui para explicar o avanço foi o crescimento da massa salarial real (de acordo com os números da Pnad Contínua, também divulgada pelo IBGE) e o início do saque dos recursos de contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
*O Globo
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