23 agosto 2019

Bolsonaro ataca compra de jatos via BNDES, mas em 2009 votou a favor da MP que criou a linha de crédito

Jair Bolsonaro no plenário da Câmara dos Deputados quando exercia mandato legislativo.

Em 2009, quando deputado federal pelo PP, legenda que formava a base de apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro votou a favor.


O presidente Jair Bolsonaro andou fazendo onda contra o financiamento pelo BNDES da compra de jatinhos da Embraer, mas, quando deputado, votou a favor da Medida Provisória que permitiu a criação da linha de crédito. A lembrança foi feita hoje pelo editorial do jornal O Estado de S.Paulo. Leia abaixo.

“É muito estranho que Bolsonaro tenha afirmado que esses financiamentos não pareciam ser legais. Em 2009, quando era deputado federal pelo Partido Progressista, legenda que formava a base de apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro votou a favor do PSI. Nos anais da sessão do plenário da Câmara dos Deputados do dia 3 de novembro de 2009, consta o voto favorável do deputado Jair Bolsonaro à MP 465/2009 – depois convertida na Lei 12.096/2009 –, que instituiu a política do PSI.”

Comentário Focus: ao buscar transformar a compra de jatinhos via BNDES em algo condenável, como se fosse ilegal, o objetivo central de Bolsonaro certamente era político. Afinal, entre os dois dos compradores que usaram a linha disponibilizada pelo Governo Federal para estimular as vendas da Embraer estão João Doria, que é governador de Sâo Paulo, e o apresentador de TV Luciano Huck.

Doria e Huck são potenciais concorrentes de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. Então, não é fácil depreender que se trata de uma manobra política do presidente visando desgastar possíveis adversários ao seu projeto político de reeleição.

É mais um sinal de pequenez que o presidente nos oferta. Pior, expondo cidadãos que optaram por uma linha de crédito (sem entrar no mérito da qualidade da mesma) absolutamente legal e, sim, protegida pelo sigilo bancário. Aí é que está o maior risco. No caso, o uso do poder de mando para expor adversários e desrespeitando regra básica do segredo em transações bancárias, sejam no sistema financeira estatal ou privado.


*Focus.Jor

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