O presidente Bolsonaro poderia estar bem nas pesquisas de opinião pública, pontuando como o melhor presidente da história do Brasil. De forma surpreendente, está em direção contrária ao seu povo, o que lhe respalda baixa popularidade. Contradições, confrontos, batalha política diária e um governo sem direção impõem ao presidente que a população lhe ofereça a rejeição. Bolsonaro perdeu a grande chance ofertada para corrigir o país, ajustando a economia e a administração, tirando os males da máquina pública, governando com esperança e combatendo a maldita corrupção alimentada pelo centrão, que está abraçando, ao abrir as portas do governo para seus integrantes. A presença forte do ex-deputado Roberto Jefferson, chefe do mensalão, ao lado do ex-ministro José Dirceu, é a prova do desvio de conduta, reprovada pelos que elegeram Bolsonaro. Se foi o sonho de termos um país governado com seriedade.
A eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados se tornou salvação para o presidente e seu governo. Bancar a campanha do deputado Arthur Lira, com cargos e dinheiro público, tira completamente Bolsonaro da rota sonhada pelas pessoas de bem que o apoiaram. Para a média da sociedade brasileira, que apostou no presidente, se esperava o banimento, mas o que está acontecendo é desproporcional. O governo se agarrando ao deputado Arthur Lira e ao centrão, para se manter. Não era essa a saída para o Brasil.
O episódio da revelação dos gastos do governo com milhões em chiclete, leite condensado e outros utensílios, em forma de corrupção, foi decepcionante. A desculpa de atribuir os gastos às necessidades das forças armadas não se justifica. Militar pode até adorar chiclete, mas precisa comprar, quando lhe convier e com seu salário. O leite condensado piora ainda mais a situação. A lista de compras e gastos parece suicídio público de tão ridícula. O governo está fazendo seu papel, minimizando. A oposição quer o Tribunal de Contas apurando. É mais um lance na disputa pela Câmara, em que Bolsonaro não deveria ter se envolvido. Pode pagar caro porque será mais um custo a ser cobrado pela turma do baixo clero. O presidente sabe disso. Na churrascaria de Brasília, onde atacou a imprensa por ter publicado a lista de compras, Bolsonaro não falou nada sobre autores das denúncias: os deputados de oposição.
Ao leitor que sempre pergunta porque o chefe da Nação tem tanta necessidade de apoiar o deputado Lira explico. O presidente da Câmara é a única pessoa da Nação que pode receber e admitir a abertura de um processo de impeachment do presidente da República. É, ainda, quem pauta se projetos devem ou não serem votados.
No jogo político, se faz necessário uma liderança sobreviver ao território minado. No caso de Bolsonaro, ele impressiona por oferecer o campo de ataque aos adversários. Chega a impressionar. A classe média que o elegeu não entende seu ódio contra medidas em relação ao Covid 19 e a negação da importância da vacina. Mais preocupante: o presidente, na intimidade, manda comprar a vacina, como se fosse um homem de dois comportamentos.
Na próxima segunda-feira, o Brasil vai assistir a um episódio triste. A Câmara dos Deputados elegendo um membro do MDB ou um líder do centrão. Baleia Rossi representa a era Michel Temer e Arthur Lira a turma do Roberto Jefferson.
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