Em clima de barata voa, o governo dá várias versões e bate cabeça para livrar Bolsonaro do escândalo da Covaxin.
Um dia após o presidente ser alvo de notícia-crime no STF por prevaricação, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, leu na CPI da Covid um informe sobre as providências tomadas para investigar as denúncias dos irmãos Miranda.
Na semana passada, Bezerra foi porta-voz de uma reunião no Planalto em que deu uma primeira versão: o presidente não acionou a Polícia Federal porque entregou o caso para o general Eduardo Pazuello investigar o contrato com o laboratório indiano, e que ele não encontrara nenhuma irregularidade.
Só aí se descobriu que o ministro da Saúde foi demitido no dia seguinte e não teria tido tempo de investigar nada.
Diante disso, a nova versão apresentada nesta terça-feira (29/06) por Bezerra informa que Pazuello repassou a investigação para o seu número 2, coronel Elcio Franco, que também seria demitido dias depois.
Segundo o líder do governo, as denuncias foram apuradas de forma “cautelosa e criteriosa” por Franco, que concluiu não ter encontrado “irregularidades contratuais” na compra da Covaxin.
Acontece que o coronel era o responsável por todos os contratos de aquisição de imunizantes e foi sua equipe que pressionou o servidor Luís Ricardo Miranda a apressar a aprovação da compra intermediada pela Precisa Medicamentos.
Foi como pedir para a raposa investigar o galinheiro e ver se tinha alguma coisa errada por lá. Bezerra só não explicou por que o presidente não acionou a Polícia Federal, como prometeu aos irmãos Miranda.
Como a nova versão também não colou, no fim da tarde o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou no Palácio do Planalto que a compra da Covaxin fora suspensa, por recomendação da Controladoria Geral da União (CGU).
Ou seja, resolveram tirar o sofá da sala para livrar a barra de Bolsonaro da denúncia de prevaricação.
Por Ricardo Kotscho, no UOL
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