A intensa movimentação econômica criada por esse cultivo gera emprego e renda, em detrimento de outras culturas menores, que se mantém ainda em atividade, muitas vezes por questões culturais, com o conhecimento que é passado de geração a geração, como no caso do cultivo da mandioca. Associada a outros plantios, a mandioca é inserida entre os pés de cajueiro, como explica o engenheiro agrônomo Maurício Sousa.
"O homem do campo, por ter, muitas vezes, poucas terras agricultáveis, aproveita as entrelinhas do cajueiro para plantar a mandioca. Os tipos utilizados na região de Marco são a "fragosa", comum nos roçados; e a "pretinha", uma variação genética muito mais produtiva, que foi introduzida pela Ematerce há cerca de cinco anos e tem trazido excelentes resultados", disse.
A cerca de 25 quilômetros da sede do Município de marco, 33 famílias, da localidade de Batoque que, tradicionalmente, produzem mandioca, têm encontrado no conhecimento científico repassado por meio de cursos, a oportunidade de melhoria da produção; melhor aproveitamento de suas potencialidades alimentares, tanto para o consumo humano, quanto para o animal; além da economia de recursos empregados no campo e também a geração de renda.
As técnicas repassadas aos mandiocultores, por equipes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae-CE), têm chamado a atenção dos agricultores, que levam o conhecimento adquirido adiante, como multiplicadores do novo saber.
Variedades
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de Marco, Júnior Osterno, entre as vantagens da adesão à mandiocultura, como meio de subsistência, "está o beneficiamento, melhoramento da produção a custo baixíssimo e o total aproveitamento da mandioca, que possibilita a produção de macaxeira palito, massa para bolos, pizzas, tapioca enriquecida com vitaminas e sais minerais e ração para grandes e pequenos animais como, galinha, peixe e abelhas. Assim, não somente se agrega valor aos produtos, mas aumenta a renda das famílias do Batoque, que hoje vendem um quilo de farinha de mandioca por R$ 2,30. Com a aplicação das técnicas poderão triplicar seus ganhos" explica.
Para o presidente da Associação dos Moradores da Zona Rural do Batoque, Francisco Faustino Neto, os ensinamentos repassados aproximam o sonho das famílias em melhorar a qualidade de vida. "Temos aprendido muita coisa. E esse aprendizado tem nos dado a chance de aumentar os ganhos das pessoas da nossa comunidade. Hoje, 33 famílias estão aprendendo, na prática, como beneficiar a mandioca produzida, mas nosso desejo é aumentar a produção e fazer com que muitas das famílias que aqui vivem possam ter uma vida melhor, por meio daquilo que plantam e produzem", comemora.
Práticas
Entre as ações adotadas pelos moradores de Batoque para melhoria de manejo do plantio estão o controle de pragas, análise do solo e a utilização de adubações orgânicas com técnicas simples, a custo zero, como o momento, corte e idade certa que a maniva (rama da mandioca) deve ser colhida.
Esses detalhes têm sido o diferencial adotado para o beneficiamento e aumento da produção no município, conforme destaca o engenheiro agrônomo e consultor do Programa Sebraetec, Henrique Araújo Lima. "Com o uso correto da manipueira (líquido extraído da mandioca), nós não apenas conseguimos aumentar a produtividade, mas também controlar e acabar com as pragas e doenças que atingem a produção", acredita.
O Município já mantém em fase de elaboração, a marca própria dos produtos a serem produzidos no campo, como farinha e goma, consideradas, por nutricionistas do projeto, de boa qualidade e valor nutricional elevado.
O objetivo é comercializar os produtos no mercado local e na região norte do Estado, como resultado do Programa de Desenvolvimento da Madiocultura de Marco, realizado por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SDE), em parceria com o Sebrae/Sebraetec e a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece).
O que eles pensam
O que você achou do curso?
"O projeto trouxe melhorias para a nossa plantação, porque nós não sabíamos como utilizar totalmente o que a mandioca pode oferecer como alimento. Antes, só aproveitávamos a farinha e a goma da mandioca"
Francisco Denis Sousa
Agricultor
"Eu achei muito importante para nós aqui da comunidade de Batoque. No curso, eu aprendi a forma correta de plantio da mandioca, que tem a ver com a distância de uma planta para a outra, além de outras técnicas"
José Edson Freitas
Agricultor
Fonte: Diário do Nordeste.
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