23 fevereiro 2021

O dia a dia de Bolsonaro nos bastidores dos Palácios


O modo como Bolsonaro governa é o que há de mais tosco na história do país, mas é ainda pior para quem conhece os bastidores.

O ambiente palaciano por dentro contado entre dentes por quem só observa, revela que o atual presidente é o único que trabalha sem a menor regra, ética, critério ou rigores do cargo.

Ele desmoralizou de tal forma a presidência que não há agenda. Nunca se sabe o que será o dia de amanhã ou sequer as próximas horas.

É por isso que qualquer apoiador, tipo vereadores ou deputados estaduais que estejam em Brasília se encontram fácil com Jair Bolsonaro pois a agenda presidencial sempre tem espaço. Assessores que conhecem a fundo o ambiente palaciano dizem que ele é o mais isolado dos presidentes.

O atual presidente não confia na esposa nem nas dezenas de militares que estão com ele todos os dias. Ela, Michelle, não apita nada. Em nada.

Ninguém na assessoria se atreve a trazer dados  técnicos e científicos para apreciação do presidente porque ele não leva em conta coisas desse tipo, e em nenhum setor da administração pública.

Todas as decisões dependem da percepção de Bolsonaro. Em tudo. E ele se pauta pelo que lê nos jornais ou vê na TV. O que mais o irrita é checagem do que diz ou escreve.

O presidente só confia nos três filhos, e sempre que decide sobre qualquer coisa é eles que ele ouve. Dentro do Palácio os filhos se movem como se também fossem presidentes.

Bolsonaro é internet-compulsivo, passa todo o tempo atrás de saber o que estão dizendo em redes sociais. Governa assim. Dá expediente com um i-Phone pessoal e perde muitas horas com o aparelho, por isso chega ao ponto de responder pessoalmente a Twits e postagens em geral.

Tem dias em que ele se incomoda porque “não tem nada pra fazer”, então sai de moto ou de carro por Brasília, qualquer lugar, e a ordem é filma-lo e fotografá-lo para “causar”.

No ambiente palaciano viceja o negacionismo como tática, então nenhum assessor ousa se apresentar na presença de Bolsonaro usando máscara, mesmo que tenha medo de pegar COVID. 18 ministros foram contaminados.

O presidente considera o uso de máscaras uma ofensa a ele, então ali no dia a dia com ele não se usa, salvo em alguma solenidade em que a imprensa seja admitida, então usa-se.

O presidente odeia o general Mourão porque fala demais; desconfia que Paulo Guedes tem má vontade; e o ministro Pazuello, da Saúde, é de todos o que mais aguenta humilhação calado, por isso é defendido em público.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, faz o possível e o impossível para não contrariar o presidente, e evita a todo custo estar com ele pois morre de medo de Jair Bolsonaro.

O ministro Rogério Marinho (infraestrutura) é o que mais recebe ligações do presidente, que sempre quer saber sobre inaugurações e obras. Não há nenhuma iniciada dentro do governo dele, mas Bolsonaro se alegra pela oportunidade que esse ministério dá a ele de viajar e contatar eleitores. Por isso ele sempre pede a retomada de obras que estejam ou tenha herdado paradas.

A centralização na pessoa do presidente é um marco desse governo. Não adianta ter ministros ou assessores, só vale o que for dito, definido, decidido por Jair.

Dos três filhos o mais temido é Carlos, um vereador do RJ que não dá expediente em sua cidade, está sempre no Palácio, manda e desmanda, e é comum que de “cagaços” (gíria dos assessores) em quem seja, vai de generais, militares a ministros.

Carlos e Eduardo determinam o que sai em redes sociais, sempre combinados com o presidente. Quando um post tem de ser apagado porque é erro ou fake news, Bolsonaro culpa os assessores.

O general Braga Neto é um dos poucos que o tempo todo tenta orientar o presidente. O general Heleno também, mas “o velho” é muito radical, comentam assessores.

Bolsonaro também assiste muito a TV, e a Globo é o canal mais criticado porque é o que ele vê sempre. Globo, Globonews…  E o Sportv. O presidente adora futebol.

Quando uma decisão é tomada por Jair, é comum que qualquer um no governo só saiba pela imprensa ou através das lives oficiais. Ele decide geralmente com os filhos (sempre) e eles jamais dizem não ao pai, até ampliam ideias dele.

Questões como intervenção na Petrobrás, na conta de luz, no preço dos combustíveis, depende sempre da reação do presidente às redes sociais. Não adianta assessoria ou relatórios.  Produzi-los é inútil.

A fofocagem dentro do Palácio é uma forma de sobrevivência. Os boatos ajudam a turma da assessoria a se antecipar a problemas.

“Este governo funciona em cima da perna do presidente, que acha que o Palácio é tipo uma casa de Fazenda onde ele decide como se o Brasil fosse um roçado”.

A frase é atribuída a alguém da assessoria que por óbvias razões não pode e nem deve ser identificado(a) jamais, jamais…

Por Claudio Teran, via Facebook

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