Não deve ter sido fácil para o presidente Bolsonaro tomar a decisão de entregar seu governo e o Diário Oficial ao chamado “Centrão”, um bloco de partidos e parlamentares que tem dado as cartas no Brasil dentro do regime presidencialista. Bolsonaro foi eleito jurando estirpar, destruir o centrão, que para seu grupo era o fomentador da roubalheira ou assalto aos cofres públicos. O Centrão tem, agora, ministérios e o Diário Oficial, é o poder completo.
As demonstrações públicas na qual o governo vai bem são realizadoras e têm grandes resultados, não batem com o levantamento real, os relatórios do TCU e de outros órgãos de fiscalização. Pior, a classe política e o povo também não confirmam tais realizações. Os passeios de motos que se tornaram eventos políticos só aceleram a empolgação dos grupos de whatsApp que mantém vivo o governo e a imagem de um presidente que insiste em investir no isolamento político.
A chegada do Centrão ao comando político do Palácio do Planalto vai garantir a governabilidade política com controle absoluto da maioria no Congresso Nacional o que faz evitar impeachment e cria raízes políticas nos estados, algo que o governo nunca se preocupou, pelo contrário, o governo Bolsonaro se tornou inimigo dos governadores, prefeitos e deputados. A imagem do presidente nos estados e municípios é a de ter negado a vacina, o auxílio emergencial de R$ 600 e responsável pelo corte de recursos para a educação e saúde.
Há um ano e meio de concluir o mandato, o governo Bolsonaro pode, ainda, fazer um “cavalo de pau” e inverter a curva de descrédito e impopularidade. O Centrão tem mestres na arte de governar, só é necessário conter a gula e olhar bem para o cofre. Os escândalos do passado remetem a obrigação de ter juízo.
Bolsonaro foi eleito para conter a corrupção. Não conseguiu. O eleitor lhe confiou o poder de construir um Brasil com pleno emprego. Bolsonaro não conseguiu. A pandemia seria grande oportunidade para exibir um governo realizador. Bolsonaro foi na contramão, sendo contra medidas sanitárias, como evitar aglomeração, cuidar dos doentes com tratamento seguindo protocolos mundiais e abominou comprar vacinas na hora certa. Nunca é tarde para um recomeço, quando se pretende alcançar metas pedindo desculpas ao contribuinte.
Fonte: Blog do Roberto Moreira
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