08 junho 2017

Fortaleza: Denúncia de que padre cometeu abuso sexual é levada ao Vaticano

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Após ser denunciado por exploração sexual, um padre de 62 anos que celebrava em uma igreja no Conjunto Ceará, foi afastado pela Arquidiocese de Fortaleza no último dia 20 de abril. A vítima é um adolescente de 17 anos que fazia parte da comunidade católica. O processo será encaminhado ao Vaticano, em Roma. Segundo a Polícia Civil, a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa) investiga o caso.

A professora de 39 anos conta que há cinco colocou o filho para ajudar em uma igreja católica, acreditando que estaria protegendo o menino de perigos cotidianos. No entanto, ela diz, neste ano, o jovem se tornou vítima de assédio pelo novo padre da paróquia. O jovem apresentou conversas no WhatsApp em que o contato, que seria do padre, envia fotos de partes íntimas, usa termos pornográficos e propõe ato sexual. Na conversa, o adulto oferece dinheiro e até smartphone ao adolescente. A família resolveu denunciar o assédio.

Mãe e filho dizem que chegaram a ser incentivados por pessoas ligadas à paróquia a não levar a denúncia adiante. Mas a queixa foi formalizada em delegacia e na Arquidiocese de Fortaleza.

Conforme a mãe, o jovem trabalhava na igreja desde os 12 anos, ajudava na missa para ganhar R$ 20 ou R$ 30. Após a denúncia, a mãe relata que, em vez de acolhimento, ele foi afastado da igreja. Em seguida, o adolescente até conseguiu um trabalho informal no bairro, mas, com a repercussão do caso, perdeu novamente o trabalho.

A mãe relata ainda que o adolescente tem se isolado e não tem frequentado as aulas, pois tem sido hostilizado. “Ele não está fazendo nada. É direto dentro do quarto, não come nada. Está com medo de continuar vivendo”, descreveu a mãe.

Ele (adolescente) não está fazendo nada. É direto dentro do quarto, não come nada. Está com medo de continuar vivendo"
Mãe da vítima, 39

Após registrar denúncia na Arquidiocese de Fortaleza, a família se reuniu com representante do Vaticano ainda no mês de abril. Segundo o presidente do Tribunal Eclesiástico do Ceará, padre Antônio Carlos do Nascimento, após suspender o padre, foi iniciada uma investigação prévia. Tanto o adolescente quanto o padre foram ouvidos, e o caso foi encaminhado ao Vaticano. Conforme o presidente do Tribunal, a igreja deve dar resposta num prazo de 30 a 60 dias. A pena máxima é a perda do estado canônico. Por enquanto o padre está suspenso e não pode celebrar missa, batizados ou tarefas a nível eclesiástico.

“Antes, quando a igreja demorava, as pessoas achavam que a igreja era omissa, então o papa Francisco tem buscado oferecer resposta rápida para esse tipo de caso”, ressalta.

Saiba mais

O POVO não divulga o nome da paróquia, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para preservar a identidade do jovem. Pelo mesmo motivo, não é divulgado o nome da mãe do rapaz.

O POVO tentou contato com o padre pelo número de celular, mas as ligações não foram atendidas. A secretaria da igreja informou que, após ser afastado, o padre teria mudado de número. O presidente do Tribunal Eclesiástico, padre Antônio Carlos Nascimento, disse que o denunciado está incomunicável.

Pessoas que integram a comunidade disseram que a saída do padre fora justificada por saúde e que todos reagiram com surpresa quando souberam da denúncia.

O boletim de ocorrência contra o padre foi registrado no dia 26 de abril. Caso é investigado pela Dececa.

JÉSSIKA SISNANDO - O Povo Online.

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