A professora de 39 anos conta que há cinco colocou o filho para ajudar em uma igreja católica, acreditando que estaria protegendo o menino de perigos cotidianos. No entanto, ela diz, neste ano, o jovem se tornou vítima de assédio pelo novo padre da paróquia. O jovem apresentou conversas no WhatsApp em que o contato, que seria do padre, envia fotos de partes íntimas, usa termos pornográficos e propõe ato sexual. Na conversa, o adulto oferece dinheiro e até smartphone ao adolescente. A família resolveu denunciar o assédio.
Mãe e filho dizem que chegaram a ser incentivados por pessoas ligadas à paróquia a não levar a denúncia adiante. Mas a queixa foi formalizada em delegacia e na Arquidiocese de Fortaleza.
Conforme a mãe, o jovem trabalhava na igreja desde os 12 anos, ajudava na missa para ganhar R$ 20 ou R$ 30. Após a denúncia, a mãe relata que, em vez de acolhimento, ele foi afastado da igreja. Em seguida, o adolescente até conseguiu um trabalho informal no bairro, mas, com a repercussão do caso, perdeu novamente o trabalho.
A mãe relata ainda que o adolescente tem se isolado e não tem frequentado as aulas, pois tem sido hostilizado. “Ele não está fazendo nada. É direto dentro do quarto, não come nada. Está com medo de continuar vivendo”, descreveu a mãe.
Ele (adolescente) não está fazendo nada. É direto dentro do quarto, não come nada. Está com medo de continuar vivendo"
Mãe da vítima, 39
Após registrar denúncia na Arquidiocese de Fortaleza, a família se reuniu com representante do Vaticano ainda no mês de abril. Segundo o presidente do Tribunal Eclesiástico do Ceará, padre Antônio Carlos do Nascimento, após suspender o padre, foi iniciada uma investigação prévia. Tanto o adolescente quanto o padre foram ouvidos, e o caso foi encaminhado ao Vaticano. Conforme o presidente do Tribunal, a igreja deve dar resposta num prazo de 30 a 60 dias. A pena máxima é a perda do estado canônico. Por enquanto o padre está suspenso e não pode celebrar missa, batizados ou tarefas a nível eclesiástico.
“Antes, quando a igreja demorava, as pessoas achavam que a igreja era omissa, então o papa Francisco tem buscado oferecer resposta rápida para esse tipo de caso”, ressalta.
Saiba mais
O POVO não divulga o nome da paróquia, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para preservar a identidade do jovem. Pelo mesmo motivo, não é divulgado o nome da mãe do rapaz.
O POVO tentou contato com o padre pelo número de celular, mas as ligações não foram atendidas. A secretaria da igreja informou que, após ser afastado, o padre teria mudado de número. O presidente do Tribunal Eclesiástico, padre Antônio Carlos Nascimento, disse que o denunciado está incomunicável.
Pessoas que integram a comunidade disseram que a saída do padre fora justificada por saúde e que todos reagiram com surpresa quando souberam da denúncia.
O boletim de ocorrência contra o padre foi registrado no dia 26 de abril. Caso é investigado pela Dececa.
JÉSSIKA SISNANDO - O Povo Online.
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