01 novembro 2017

Sem Tasso candidato, Camilo e Eunício se aproximam


Camilo Santana (PT) e Tasso Jereissati (PSDB) durante encontro no Palácio da Abolição, do qual também participou Roberto Cláudio (PDT) EVILÁZIO BEZERRA

A negativa do senador Tasso Jereissati (PSDB) sobre a candidatura ao Governo do Estado no ano que vem caiu como uma ducha de água fria na oposição. Para lideranças do bloco opositor, a decisão do tucano esfria as articulações adversárias ao Palácio da Abolição e aproxima o senador Eunício Oliveira (PMDB) do governador Camilo Santana (PT).

Desde que Tasso admitiu a aliados, na primeira semana de outubro, em reunião reservada, a possibilidade de se candidatar pela quarta vez ao Executivo cearense, a oposição havia ressuscitado os projetos eleitorais para o ano que vem.

A recusa, no entanto, deixa o grupo na estaca zero.

“Não, não existe essa possibilidade, não (de concorrer ao governo). Não é viável. Eu defendo sempre renovação, há muito tempo que eu defendo renovação. Eu acho que é ruim a perpetuação de uma geração no poder, tem que dar espaço a novas lideranças”, disse na manhã de ontem o senador tucano ao jornalista Luiz Viana, em entrevista ao programa O POVO no Rádio, na rádio O POVO/CBN.

Foi a primeira declaração pública do parlamentar sobre as conversas de bastidores que giravam em torno da candidatura do tucano como meio de fortalecer a oposição, atualmente enfraquecida.

O deputado estadual Leonardo Araújo (PMDB) reconhece que a fala do ex-governador representa um “baque” para a ala opositora, tendo em vista a necessidade da formação de um bloco forte para 2018.

“No momento em que o Tasso diz que não é candidato, abrem-se as portas para um acordo entre Eunício e o governo. Eunício não pode ser bucha para a campanha de ninguém. O PMDB do Ceará precisa dele reeleito”, disse o deputado, que sempre foi contra a aliança do presidente do Senado com Camilo.

O peemedebista prevê ainda um enfraquecimento do bloco PMDB/PR/PSDB, caso se confirme a saída do senador do PSDB do cenário eleitoral de 2018. Ele avalia que, “sem um nome competitivo, fica inviável para a oposição” disputar a sucessão do petista, que tem maioria de prefeituras e na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE).

Também falando em nome dos adversários do governador na AL-CE, o deputado estadual Roberto Mesquita (PSD) diz que a “ducha de água fria” dificulta a vida da oposição pela necessidade de encontrar um substituto de Tasso que tenha “a mesma credibilidade” política.

Mesquita, que tentou se aliar ao governo ainda em 2015, admite que a recusa do senador tucano reforça ainda mais a possibilidade de aliança eleitoral entre Camilo e Tasso.

“E eu acho que já deve estar acontecendo (aproximação) pelo gesto e sinalizações dadas de ambas as partes. A aproximação já existe e é bem concreta”, declarou.

Adversários em 2014, Camilo e Eunício tem feito encontros em Brasília. Dos dois lados, o discurso é o mesmo: reunião institucional.

Para entender

Dia 6/10. O senador Tasso Jereissati (PSDB) se reuniu com lideranças da oposição do Ceará no seu escritório particular em Fortaleza. Segundo os deputados Genecias Noronha (SD) e Capitão Wagner (PR), o ex-governador teria admitido se lançar candidato como forma de unir a oposição enfraquecida.

Dia 27/10. O senador Eunício Oliveira (PMDB) diz, em encontro regional do partido, em Solonópole, que ainda não havia formalizado aliança com nenhum grupo político do Ceará para o ano que vem.

Saiba mais


Único deputado tucano na Assembleia Legislativa, Carlos Matos disse que a candidatura nunca foi nem será desejo do senador Tasso Jereissati. Segundo ele, o contexto pode obrigar a disputa do ex-governador contra Camilo Santana em 2018. "Ele também falou que cuidaria dos netos em 2010, e hoje está no Senado. O contexto político é que traz o nome", afirmou.

O POVO procurou o presidente estadual do PSDB, Luiz Pontes, para comentar a declaração do senador, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.


Por WAGNER MENDES - O Povo ONline

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