Era até possível imaginar antes da Copa do Mundo da Rússia que o Brasil fosse eliminado por alguma boa seleção, como ocorreu diante da Bélgica, nas quartas de final do torneio, derrota por 2 a 1. O que não dava para prever era que o melhor jogador do time se tornasse assunto mundial e não pelo seu bom ou ruim desempenho técnico, mas por causa das suas quedas, exageros quando sofria falta e objetivo de ludibriar a arbitragem.
As simulações de Neymar irritaram adversários, torcedores brasileiros e foram manchetes de jornais por todo o planeta. Viraram quadros de humor, vídeos, gifs, áudios, desafios, paródias, joguinhos de computador e sátiras. Uma foto do atacante caído foi usada para uma campanha do Instituto Nacional de Emergência Médica (Inem) de Lisboa, em Portugal, contra trotes. A Cruz Vermelha de Jalisco, no México, também utilizou uma queda do jogador para promover uma campanha contra ligações falsas.
A Copa já acabou, o Brasil foi eliminado no dia 6 de julho, mas as irônicas homenagens seguem. É um problema de imagem que certamente terá que ser resolvido com gestão de crise por sua enorme equipe, até para evitar que patrocinadores queiram quebrar ou não renovar contratos, afinal, será que vale pagar uma fortuna pela imagem de um jogador de futebol conhecido mundialmente por seus mergulhos e simulações?
A tentativa de recuperação já começou. Na sexta-feira que passou, uma simpática mensagem no Instagram do atleta desejava sorte na final da Copa aos amigos Mbappé, francês que joga com o brasileiro no PSG, e o croata Raktic, companheiro dos tempos de Barcelona. Um leilão do Instituto Neymar que pretende arrecadar mais de R$ 3 milhões para a caridade será realizado na próxima quinta-feira, 19, com a presença de dezenas de atletas, celebridades e empresários. Entretanto, o que vai resolver a situação é Neymar voltar ao PSG, jogar muita bola – é craque – fazer gols e parar de querer levar vantagem em tudo. Não é possível que não consiga, especialmente com a repercussão negativa enorme de suas atitudes.
*Fernando Graziani
Jornalista do O POVO.
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