A presença de Haddad na favela do Heliópolis também ajuda a vincular o candidato aos eleitores mais pobres. Na semana passada, depois que o partido se deu conta de que não conseguiria montar uma frente democrática contra Bolsonaro, o partido decidiu que a chance de reverter a vantagem do adversário estava na busca do eleitor historicamente ligado ao ex-presidente Lula.
Como parte dessa estratégia, o petista anunciou no último domingo que, se eleito, aumentará em 20% o valor do Bolsa Família e vai tabelar em R$ 49 o preço máximo para o botijão de gás.
Atenção ao Nordeste
Ontem, o presidenciável petista vistou dois estados do Nordeste: Paraíba e Bahia. É na região que ele possui os melhores índices de intenção de votos, de acordo com as pesquisas. Levantamento do Datafolha divulgado na última quinta-feira mostra o petista com 56%, contra 30% de Bolsonaro no Nordeste.
—Está tendo uma grande reviravolta nessa eleição —, afirmou Haddad, em Salvador, antes de subir no carro em que percorreu a região do Farol da Barra.
—Começou na verdade por São Paulo, minha cidade, cidade que eu governei. Isso está acontecendo em todas as capitais e tenho certeza que vamos chegar à vitória no domingo —, disse o petista, chamando Bolsonaro de “atraso”, “frouxo” e “mentiroso”.
A expectativa da campanha do PT de formação de uma frente democrática ruíram depois que Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro Gomes e senador eleitor, cobrou, no último dia 15, em ato em favor de Haddad em Fortaleza, um pedido de desculpas do PT pelas “besteiras que fizeram" e disse que que o partido “criou” Bolsonaro.
Depois do episódio, Cid gravou um vídeo de apoio a Haddad, mas não compareceu nas atividades de campanha que o candidato do PT fez no Ceará no sábado da semana passada. Seu irmão, Ciro, candidato derrotado do PDT à Presidência, viajou para a Europa na semana seguinte ao primeiro turno e só voltaria ao Brasil na noite de ontem.
Os petistas ainda alimentam a esperança que ele faça uma declaração direta de voto em Haddad, mesmo que seja pelas redes socais. A intenção inicial era ter o pedetista com papel ativo na coordenação de campanha.
Tortura e violência
Ontem, no último programa no horário eleitoral, Haddad apresentou novamente ataques ligando Bolsonaro à tortura e a violência. Em metade da propaganda, mandou um recado para o eleitor que “está angustiado com o futuro do país".
— Sei que que você está descontente com tudo o que está acontecendo no Brasil, e por isso quer mudança. Você quer um governo que não corte direitos, como o Temer vem fazendo. Quer comida na mesa e salário justo (...) Você sabe que, há pouco tempo, nós fizemos um governo assim. E esse tempo bom ainda está no coração e na memória dos brasileiros — ressaltou o petista, que agradeceu a Deus, à família e ao povo que aderiu à mensagem de esperança da campanha.
A propaganda de Haddad destaca que Bolsonaro defende a ditadura e a tortura. A campanha afirma que esses atos não são algo que um cristão faria. Os petistas mostram relatos de vítimas de torturadores e dizem ainda que o adversário “é representante dos milionários”, não do povo.
Fonte: O Globo
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