A exposição Pelo Céu de Sobral pode ser vista na Casa de Cultura de Sobral até o dia 29 de junho. A expectativa é de que o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes participe da inauguração. Além da exposição, até o dia 31 deste mês, no mesmo local, pesquisadores do Observatório Nacional (ON) desenvolverão atividades relativas ao eclipse e à relatividade geral, interagindo com estudantes do ensino secundário da cidade. "Vamos fazer vários experimentos que remetem a Sobral", disse à Agência Brasil o diretor do ON, João Carlos Costa dos Anjos.
Está prevista também a realização de uma conexão internacional com cientistas ingleses e portugueses que estarão na Ilha do Príncipe, na África, onde, há 100 anos, o eclipse não pôde ser observado com perfeição, em função do tempo desfavorável. "Será uma video-conferência internacional entre Sobral e a Ilha do Príncipe", explicou o diretor do ON.
Ainda nesta segunda-feira, em Sobral, o astrofísico e pesquisador do ON, Jailson Alcaniz, participará do evento Relatividade Geral, Passado, Presente e Futuro. No dia 30, na mesma cidade, ele representará o Observatório no Encontro Internacional do Centenário do Eclipse de Sobral.
Exposição do centenário
João Carlos Costa dos Anjos informou que na quarta-feira (29), quando se completa o centenário do eclipse, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e o Observatório Nacional inauguram a exposição O Eclipse - Einstein, Sobral e o GPS, alusiva à data, que tem como curador o diretor artístico e ator Marcello Dantas. A abertura está programada para as 11h e também está prevista a presença do ministro Marcos Pontes.
A exposição terá entrada gratuita ao público e ficará aberta à visitação até o ano que vem. De terça a sexta-feira, o horário vai das 9h às 17h; aos sábados, o funcionamento será de 14h às 19h e, aos domingos e feriados, de 14h às 18h.
No mesmo dia, o campus do MAST e do ON abrirá o novo Centro de Visitantes, com projeto do estúdio SuperUber, que une design, tecnologia e arquitetura para contar histórias de forma inovadora. "Tem uma parte interativa, tipo Museu do Amanhã", adiantou João Carlos dos Anjos.
Publicação
Encerrando as comemorações pelo centenário, o ON fará o lançamento de revista com várias entrevistas de especialistas do Brasil e do exterior sobre a expedição a Sobral, e sobre a relatividade geral. A revista será lançada durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorrerá entre os dias 21 e 27 de julho, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Expedições
O diretor do ON lembrou que duas expedições foram organizadas pela 'Royal Astronomical Society' com a missão de observar o eclipse solar, que aconteceu em Sobral e na Ilha do Príncipe, na costa africana, então colônia portuguesa. A equipe do Brasil era chefiada por Andrew Crommelin e contava com a participação do diretor do ON à época, o astrônomo Henrique Morize, e dos pesquisadores Lélio Gama, Allyrio de Mattos e Domingos Costa.
A outra era chefiada pelo astrônomo inglês Arthur Eddington. "Só que lá choveu e o eclipse não foi muito bem observado. Em Sobral, o tempo também estava nublado mas abriu na hora e as fotos ficaram boas. Com essas fotos, se comprovou a teoria da relatividade; que havia um desvio na luz que vinha de estrelas distantes que passava na borda do sol", disse João Carlos Costa dos Anjos.
"Durante o fenômeno, com o sol eclipsado, deu para ver as estrelas lá atrás e foi medido que havia um desvio", completou o diretor do ON. Outras fotos foram tiradas dois meses depois e, superpondo-as, pôde-se comprovar que tinha havido um desvio quando a luz passava na beira do sol. "Isso comprovou então a teoria da relatividade geral".
O eclipse de Sobral teve duração de 6 minutos e 51 segundos e foi considerado um dos mais longos eclipses solares do século 20. Os dois locais, no Brasil e na África, foram escolhidos porque poderiam oferecer as melhores condições para observação do fenômeno. As fotografias tiradas permitiram concluir que as estrelas não ocupavam suas posições habituais e previstas no firmamento, o que era compatível com os cálculos feitos com base na teoria da relatividade.
AGÊNCIA BRASIL
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