26 maio 2021

CPI aprova convocação de nomes do 'assessoramento paralelo' no governo federal


A existência de uma possível estrutura extraoficial de assessoramento ao presidente da República, Jair Bolsonaro, no combate à pandemia levou à convocação do ex-assessor da Presidência da República Arthur Weintraub e do empresário Carlos Wizard Martins. Esses são alguns dos requerimentos aprovados nesta quarta-feira (26) pela CPI da Pandemia.

Weintraub foi convocado a partir de pedidos apresentados pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Humberto Costa (PT-PE). Reportagem e live nas redes sociais apontam que Weintraub coordenou o grupo de aconselhamento a Bolsonaro, sendo importante sua oitiva como testemunha, segundo Humberto.

Já a convocação de Wizard atendeu requerimento apresentado por Alessandro. “Wizard poderá ajudar a esclarecer os detalhes de um "ministério paralelo da saúde", responsável pelo aconselhamento extraoficial do governo federal com relação às medidas de enfrentamento da pandemia, incluindo a sugestão de utilização de medicamentos sem eficácia comprovada e o apoio a teorias como a da imunidade de rebanho”, segundo o senador.

Em depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que também foi reconvocado nesta quarta, confirmou ter sido aconselhado por Wizard e disse que chegou a oferecer-lhe um cargo no ministério.

Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais do presidente da República, está sendo convocado, também a partir de requerimento de Alessandro e Humberto, para falar sobre sua atuação na consecução de vacinas e insumos para o Brasil.

Ele foi citado pelo presidente regional da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, por ter participado de reunião no Planalto, comandada pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten, com representantes da empresa americana.

Os integrantes da CPI aprovaram ainda a convocação do ex-marqueteiro do ministério na gestão Pazuello Marcos Erald Arnoud. Segundo Alessandro, é preciso esclarecer as questões de publicidade e comunicação oficial da pasta relativas a isolamento social, vacinação, emprego de medicamentos sem eficácia comprovada, entre outros.

Foram aprovadas ainda a convocação do ex-assessor especial no Ministério da Saúde Airton Antônio Soligo; da médica nomeada como secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 no ministério Luana Araújo, que deixou o cargo dez dias após ser anunciada, e do diretor executivo de Negócios da White Martins — principal fornecedora de oxigênio medicinal para o estado do Amazonas —, Paulo César Gomes Baraúna.

“Em janeiro de 2021, a empresa enfrentou um cenário de crise sem precedentes devido à escalada no número de casos de covid-19 em Manaus, o que sobrecarregou as unidades de saúde e resultou na falta de oxigênio medicinal em hospitais públicos e privados. A convocação será de importância singular para que exponha sua atuação e seus conhecimentos sobre os fatos relacionados”, disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO), autor do requerimento de convocação. Também apresentaram o mesmo pedido os senadores Alessandro, Eduardo Girão (Podemos-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM). 

Indeferimento

Marcos Rogério pediu a aprovação do requerimento de convocação do pastor Silas Malafaia, que segundo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) seria alguém que seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, ouve com regularidade.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), indeferiu o pedido ao dizer que Flávio Bolsonaro falou de conselhos espirituais que dão força a Bolsonaro para enfrentar problemas.

— Não creio, até pelo conhecimento que temos do pastor Silas Malafaia, que fizesse qualquer ingerência dentro do governo.

Aziz negou ainda pedido de Girão para votar a convocação do secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, e a do governador da Bahia, Rui Costa, ex-presidente do colegiado.

Fonte: Agência Senado

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