Imagem aérea mostra o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruído após incêndio (Foto: Mauro Pimentel/AFP)
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O Museu Nacional é a instituição científica mais antiga do país, tinha 200 anos e um acervo de mais de 20 milhões de itens. Entre eles, estava o crânio de Luzia, o fóssil mais antigo das Américas e tesouro arqueológico nacional, e o maior meteorito já achado no país. O local foi residência da família real e sede da 1ª Assembleia Constituinte do Brasil.
O prédio iria passar por uma restruturação para melhor prevenção e combate a incêndios, mas a tragédia aconteceu antes, na noite deste domingo (2). Segundo o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, os funcionários haviam feito recentemente um curso de prevenção e combate a incêndios. "Todos estávamos preocupados que isso pudesse ocorrer e, por isso, fizemos esse treinamento."
Entenda os problemas enfrentados pelos bombeiros durante a noite de domingo (2) e madrugada desta segunda, e saiba quais eram os problemas de infraestrutura do prédio:
Problemas no combate ao incêndio
Os dois hidrantes próximos ao Museu Nacional não tinham pressão suficiente.
O comandante-geral, coronel Roberto Robadey Costa Junior, disse que a falta de água atrasou os trabalhos.
Bombeiros buscaram água de lago e precisaram pedir caminhões-pipa.
A Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae) disse que uma "equipe se apresentou no local para verificar a necessidade de apoio aos bombeiros [...]. A Cedae disponibilizou carros-pipa que estão à disposição para uso dos bombeiros, mesmo com a região estando plenamente abastecida”.
O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Lehrer, criticou a atuação do Corpo de Bombeiros: “Há reserva para água no museu. A própria equipe da prefeitura, universitária e escritório técnico orientou os bombeiros onde buscar água. Tivemos certamente problemas de logística".
O diretor do museu, Alexander Kellner, afirmou que o uso de água para apagar as chamas pode ter prejudicado o acervo.
Problemas de infraestrutura
O Museu Nacional estava em situação irregular junto aos bombeiros, segundo a corporação. "Há cerca de 1 mês a organização do Museu entrou em contato com nosso pessoal e teriam conseguido recursos. Eles queriam se regularizar junto ao Corpo de Bombeiros, mas não deu tempo", disse coronel Robadey.
De acordo com a vice-diretora, Cristiana Serejo, o local era extremamente frágil e não tinha portas corta-fogo.
O telhado foi restaurado há menos de quatro anos e a estrutura de madeira dele foi totalmente comprometida no incêndio.
A instituição vinha sofrendo com falta de recursos e tinha sinais de má conservação, como fios elétricos aparentes, cupins e paredes descascadas.
O especialista Marconi Andrade, do grupo SOS Patrimônio, disse que havia denunciado várias vezes o estado de abandono do local e que a fiação era muito antiga, revestida com tecido.
O Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse à GloboNews que um contrato de revitalização do Museu Nacional foi assinado em junho, mas não houve tempo para que o projeto pudesse acontecer. Segundo ele, houve "negligência" em períodos anteriores.
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Projeto de revitalização
A proposta do museu era retirar do palácio e levar para prédios anexos os materiais inflamáveis do acervo. São animais mantidos em frascos com álcool e formol.
De acordo com Luiz Fernando Dias Duarte, diretor-adjunto do museu, parte deste acervo inflamável já havia sido retirado, mas outra parte ainda estava lá.
O diretor diz que o projeto previa ainda a instalação de extintores, remodelação e modernização do prédio.
A liberação da verba de R$ 21 milhões, conseguida no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), ocorreria após as eleições para evitar sanções previstas na Lei Eleitoral.
*G1
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