Lula: candidato está preso na carceragem da PF em Curitiba desde o ano passado (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Após um imbróglio que vem desde antes das eleições do ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai finalmente falar à imprensa nesta sexta-feira. Somente os jornais Folha de S.Paulo e o El Pais foram autorizados a ouvir o presidente, em conversas marcadas para 10h.
As entrevistas estavam autorizadas há uma semana, mas voltaram às manchetes nesta quinta-feira porque, pela manhã, a Polícia Federal autorizou outros veículos a acompanhar. Segundo o UOL, a autorização foi feita sem consultar a defesa do ex-presidente, que é contra abrir a conversa a veículos que não foram escolhidos por ele. No fim da tarde, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, barrou a decisão da PF e reforçou que as entrevistas seriam exclusivas.
O ex-presidente está preso na superintendência da PF em Curitiba desde abril do ano passado, condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo caso do triplex do Guarujá. Folha e El País haviam solicitado as entrevistas em setembro, antes das eleições presidenciais. Lula havia concordado em falar a estes veículos e, na ocasião, Lewandowski concedeu autorização, mas as entrevistas foram suspensas pelo também ministro do STF, Luiz Fux. Fux até mesmo proibiu que o conteúdo fosse divulgada caso as entrevistas já tivessem sido feitas.
Críticos afirmam que a proibição da entrevista influenciou no processo eleitoral e ressaltam que o direito à liberdade de expressão, mesmo em situação de prisão, está na Constituição. Nomes como o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, e os traficantes Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP já falaram à imprensa mesmo atrás das grades.
Será a primeira vez que Lula falará desde que foi preso. Neste tempo, a esquerda viu Fernando Haddad (PT) perder as eleições presidenciais e segue em um limbo de lideranças para fazer oposição ao governo de Jair Bolsonaro e para se organizar para as eleições municipais do ano que vem. Assim, embora não seja tão decisiva quanto seria se tivesse sido autorizada às vésperas da eleição, a entrevista ainda trará pontos importantes para entender o futuro da política brasileira. A ver se o ex-presidente irá além da narrativa de perseguição.
Fonte: Exame
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