27 janeiro 2019

Delegado que coordenou segurança de Bolsonaro deve assumir PF no Ceará

Alexandre Ramagem foi titular da investigação que deu origem à operação Cadeia Velha, no Rio de Janeiro, em 2017 (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O delegado federal Alexandre Ramagem Rodrigues, que coordenou a equipe de segurança do presidente Jair Bolsonaro (PSL) após o segundo turno das Eleições de 2018, deve ser anunciado como o novo superintendente regional da Polícia Federal no Ceará. O POVO apurou que a decisão será publicada no Diário Oficial da União (DOU) na próxima semana.


Caso a nomeação seja confirmada, Ramagem assumirá o lugar de Vanessa Gonçalves Leite de Souza, 39, primeira mulher a ocupar a Superintendência da PF no Estado desde a implantação do Órgão, em 1965. A saída da delegada já foi oficializada. A exoneração foi publicada na edição do DOU da última sexta-feira, 25. Vanessa assumirá a direção da Academia Nacional de Polícia (ANP) da Diretoria de Gestão de Pessoal da Polícia Federal, em Brasília.

Já Ramagem seria o 24ª dirigente da história da PF no Ceará. Ele atuou na segurança de Bolsonaro de 29 de outubro do ano passado, quando o capitão da reformado do Exército se tornou presidente eleito, até a posse, em 1º de janeiro último. Na ocasião, o protocolo de segurança realizado pela PF alcançou o nível 5, escala dispensada somente aos chefes de Estado. Por este motivo, naquele momento, a equipe de segurança, que era formada por 25 policiais federais, subiu para 55.

Antes, em 2017, Alexandre Ramagem foi o titular da investigação que deu origem à operação Cadeia Velha, no Rio de Janeiro, que culminou na prisão dos deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMBD fluminense. O grupo teria atuado na concessão de benefícios fiscais em favor de determinadas empresas e empreiteiras, fazendo com que o Rio deixasse de arrecadar, no intervalo de cinco anos, mais de R$ 183 bilhões.

Desentendimento
Ramagem assumiu a coordenação da segurança do então presidente eleito em meio a um desentendimento entre Bolsonaro e o delegado Antônio Marcos Teixeira, à época responsável por chefiar a equipe. No dia 28 de outubro, depois de votar, ao chegar no condomínio onde morava, no Rio de Janeiro, Bolsonaro colocou parte do corpo para fora do carro da PF e acenou para seus eleitores.

Irritado, Teixeira repreendeu os agentes federais comandados por ele, que permitiram a exposição do candidato, descumprindo protocolos de segurança da PF. Após o corrido, Bolsonaro solicitou à PF que dispensasse o delegado de sua segurança. Confirmou-se, portanto, a segunda mudança na coordenação da segurança pessoal do hoje presidente.

Teixeira havia assumido a função em substituição ao delegado Daniel França, que exercia a função na ocasião do atentado em Juiz de Fora (MG), no início de setembro, quando Bolsonaro foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira, preso em flagrante.

A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) chegou a informar, à época, que o afastamento de França foi “estratégico”. No mesmo dia em que Ramagem assumiu a coordenação da segurança, França foi destacado para a função de “ligação” entre a PF e a equipe de campanha de Bolsonaro.

Vanessa
Por sua vez, Vanessa Gonçalves, filha de cearenses, é natural do Rio de Janeiro. Ela foi a primeira delegada a atuar como oficial de ligação da Interpol em Lyon (França). No Ceará, foi delegada regional executiva antes de ser nomeada superintendente, há quase dez meses, em 6 de abril de 2018. Assumiu após a saída do antecessor, o delegado Delano Cerqueira Bunn.

Fonte: O Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário