A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), discursa no Senado Foto: Geraldo Magela/Agência Senado/27-11-2018
A presidente do PT , senadora Gleisi Hoffmann (PR), disse, nesta quarta-feira, que o partido não tem restrições em apoiar Renan Calheiros (MDB-AL) para a presidência do Senado e fez uma sinalização favorável ao nome dele. Segundo a petista, o senador se posicionou alinhado à legenda em pautas fundamentais ao partido, como as reformas trabalhista e da Previdência.
— Não conversamos sobre isso, mas não acredito que haja restrição. O Renan, nos momentos que foram cruciais de luta pelos direitos, ele se posicionou, como na questão da reforma da Previdência, na reforma trabalhista. Isso, para nós, é muito importante porque estes temas serão fundamentais na discussão da pauta econômica deste governo e não podemos deixar esses direitos retrocederem — disse Gleisi.
A petista se referiu aos ataques de Renan à reforma trabalhista aprovada na gestão do ex-presidente Michel Temer e à proposta dele de reforma da Previdência. Renan desembarcou do governo do correligionário um ano e quatro meses antes das eleições. À época, a leitura feita por colegas senadores foi de que o emedebista agia de olho na sua tentativa de reeleição. Temer batia recordes de rejeição. Alagoas era um dos estados em que a agenda econômica do então presidente era atacada.
Passadas as eleições, Renan passou a apoiar uma reforma da Previdência, principal bandeira do presidente Jair Bolsonaro, sob o argumento de que não era a favor da proposta por Temer por ser "exagerada". Mais uma vez, internamente, sua posição foi vista como "oportunista". Senadores dizem que o emedebista mira numa aproximação ao governo e na sua eleição para a presidência do Senado.
Apesar do flerte com Bolsonaro, os petistas terminaram o ano apoiando reservadamente a candidatura de Renan à Presidência do Senado. Um dos senadores eleitos pelo partido lembra que Renan foi fundamental para o PT no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Embora tenha votado a favor da cassação do mandato dela, ele costurou um acordo para que a petista não perdesse seus direitos políticos. Isso permitiu que a ex-presidente disputasse uma vaga no Senado por Minas Gerais nas últimas eleições.
Para além disso, o emedebista teve uma postura elogiada, também com reserva, pelos petistas na Presidência do Senado, entre 2013 e 2016, por enfrentar publicamente o Ministério Público e o Judiciário em relação a série de escândalos envolvendo senadores. Um dos episódios envolve a própria presidente do PT. Em 2016, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão no apartamento funcional da petista, em uma operação que tinha o marido dela, Paulo Bernardo, como alvo. Com Renan no comando, o Senado entrou com reclamação no Supremo contra o juiz que autorizou o procedimento, acusando-o de usurpar a competência da Corte.
Embora esteja fazendo acenos a Bolsonaro — além da defesa da reforma, Renan tem colocado panos quentes na crise envolvendo Flávio Bolsonaro —, o emedebista também corteja o PT nos bastidores. Ele se coloca como um nome capaz de barrar "excessos" do presidente.
Gleisi diz que o partido tenta fazer um bloco com a oposição na Casa.
— O PT tem uma pauta política para poder apoiar um candidato à presidência da Câmara ou do Senado. Primeiro, a questão da independência do Congresso Nacional: não pode ser um agregado do Palácio do Planalto; respeito à oposição; respeito às minorias; respeito ao regimento, a não alteração do regimento. Tudo isso faz parte. E também que discussão de temas que são de grande relevância para o povo brasileiro sejam discussões que possam realmente formar a opinião da maioria da Casa, e não um 'tratoraço'. Queremos ter audiências públicas, ouvir a sociedade.
Fonte: O Globo
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