29 setembro 2019

Selic cai, mas juros do rotativo do cartão não acompanham queda

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(Divulgação)

Apesar de o Banco Central ter reduzido a taxa básica de juros da economia brasileira para o menor patamar da história, quem cai no rotativo do cartão de crédito não sente essa queda, muito pelo contrário.

Quando o Banco Central diminui a taxa básica de juros, a Selic, é para fazer todo mundo gastar mais, comprar mais. É para movimentar a economia.

A Selic é uma taxa que serve de referência para operações entre bancos e para o governo captar dinheiro de investidores. O que todo mundo paga de juros no dia a dia não é essa taxa, é muito mais. Só que, quando a Selic cai, os juros pagos deveriam cair também.

Em agosto de 2018, a taxa Selic estava em 6,5% ao ano e os juros do cartão de crédito, em 274%. De lá para cá, o Banco Central reduziu a taxa básica de juros para o menor nível da história: 5,5%. Mas, enquanto isso, os juros do crédito rotativo do cartão subiram para mais de 300% ao ano.

Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, explica que a taxa do cartão está maior, principalmente, por causa da inadimplência.

“A inadimplência é uma parte do custo que os bancos embutem na hora de calcular a taxa que vai emprestar para o consumidor. E também temos um problema de concentração bancária: a pouca concorrência dentro do mercado de crédito do Brasil”, explicou.

A inadimplência de julho diminuiu um pouco em relação a junho, mas aumentou em comparação com julho de 2018: 63 milhões de brasileiros estão com contas em atraso. Quase 30% dessas dívidas são com bancos e cartões. É o maior percentual em quase dois anos.

O economista e sócio fundador da Mauá Capital Luiz Fernando Figueiredo, que já foi diretor do Banco Central, afirma que os juros de outras modalidades estão mais baixos. O problema é o cartão de crédito.

“Embora o nome seja cartão de crédito, ele, na verdade, é um meio de pagamento, não é uma forma de tomar crédito. É que ele tem embutida a possibilidade de tomar crédito. Agora, qualquer modalidade é melhor, não tem uma modalidade que seja pior que o cartão de crédito”, avaliou.

"Por exemplo, às vezes eu deixo R$ 100 para trás, R$ 200. Cartão de crédito é assim, se não souber usar...”, contou a empregada doméstica Valnice Souza.


A Federação Brasileira de Bancos afirmou que a Selic não é único componente das taxas de juros finais, que dependem também de fatores como impostos e outros custos, e que, ainda assim, a queda tem sido repassada, parcial ou integralmente, a várias modalidades de créditos.


*JN

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