16 março 2020

Bolsas desabam em todo o mundo por pânico com os impactos do coronavírus

Bolsas desabam em todo o mundo por pânico com os impactos do coronavírus
Getty Images



O dia no mercado financeiro promete ser mais uma vez de perdas em todo o globo após Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortar sua principal taxa de juros para sustentar o crescimento econômico em mais uma medida de enfrentamento à pandemia do coronavírus.

Em comunicado sobre a decisão extraordinária - a reunião para decisão de juros estava marcada para terça e quarta-feira - o Fed justificou a antecipação com a avaliação de que “o surto de coronavírus prejudicou comunidades e interrompeu a atividade econômica em muitos países, incluindo os Estados Unidos”.

A ação era inesperada pelo mercado e visa fazer frente aos efeitos negativos do coronavírus sobre as principais economias", afirma Marcos Ross, economista sênior da XP Investimentos, em relatório.

Além dos Estados Unidos, os bancos centrais do Canadá, da Inglaterra, do Japão, Europeu e Suíço anunciaram ações coordenadas para melhorar a provisão de dólares no mundo.


O Fed lançou um massivo programa de flexibilização quantitativa (QE) de US$ 700 bilhões (US$ 500 bilhões em compras de títulos e US$ 200 bilhões em hipotecas) e reduziu a zero a taxa de depósitos compulsórios a fim de estimular o crédito privado.


"No Brasil, acreditamos que o Banco Central deverá emitir algum posicionamento oficial em breve. Existe a possibilidade do corte (já esperado) de juros ser anunciado nessa segunda, antecipando a decisão da reunião prevista para acontecer nessa quarta", afirma o analista da XP.

A despeito dos estímulos, as reações são pessimistas nos mercados financeiros em todo o mundo.




As medidas coordenadas são lidas pelos investidores de que os impactos do coronavírus podem ser ainda mais extensos do que se imaginava e há ainda o receio de que os bancos centrais estejam "gastando" toda a sua munição agora e fiquem sem recursos no futuro se forem necessárias novas medidas.


As bolsas asiáticas encerraram em forte queda, os índices da Europa tombam mais de 7% e o índice futuro de referência dos Estados Unidos, o S&P 500, recuou 5% e provocou uma interrupção nas negociações.

Não está descartada do radar a possibilidade um novo circuit breaker também no Ibovespa.


O principal fundo de índice (ETF) de ações brasileiras negociado em Nova York, o EWZ, já opera em queda expressiva no pré-mercado.

Por volta de 8h39, o EWZ tombava 15,12%, a US$ 24,70.

Mercados internacionais

As bolsas asiáticas encerraram em forte queda após o Federal Reserve (Fed) reduzir sua principal taxa de juros.


O mercado de referência de Xangai caiu 3,40% e Tóquio perdeu 2,46%.


Em Hong Kong, o índice Hang Seng perdeu 4,03%. Em Seul, o Kospi caiu 3,19%, com o BC do país cortando a taxa de juros para 0,75%, de 1,25%.



Na Austrália, o S&P/ASX 200 X perdeu 9,7%. Os índices de referência de Taiwan (-4,05%), Cingapura (-5,24%) e Indonésia (-4,42%) também caíram.


Dados muito negativos foram divulgados no gigante asiático, como as vendas no varejo (-20,5%), produção industrial * (-13,5%) e investimento em ativos fixos (-24,5%).


O petróleo Brent, referência internacional de petróleo, cai quase 8% por volta de 7h35.




Agenda




Os investidores devem continuar atentos a medidas, ao redor do mundo, de bancos centrais e de governos para tentar amenizar os impactos econômicos do novo coronavírus nesta segunda-feira.


Na madrugada, o Banco do Japão (BoJ) antecipou sua reunião de política monetária e anunciou que dobrará a compra de fundos de índice (ETFs) para 12 trilhões de ienes ao ano. Já na Coreia do Sul, o banco central cortou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 0,75%.


Por aqui, os agentes esperam medidas do governo para tentar contornar os efeitos do vírus, enquanto a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central está programada para amanhã e quarta-feira.


O Boletim Focus da semana deve conter atualizações de baixa para o crescimento do PIB deste ano em meio a novas revisões de instituições financeiras, que apontam para uma retomada ainda mais lenta da economia em 2020.


Empresas


Log-in e Mahle Metal Leve divulgam os resultados hoje, após o fechamento do mercado. A Paranapanema também anuncia os resultados sem horário definido. Veja aqui o calendário de balanços completo de março.
A Unipar Carbocloro comenta os resultados hoje às 14h. O lucro da produtora de cloro-soda caiu 17% no quarto trimestre de 2019, para R$ 138 milhões.
A leitura das demonstrações financeiras do IRB do quarto trimestre de 2019 mostra que o ressegurador alterou alguns números que foram relevantes na análise da gestora Squadra sobre o tratamento dado pela empresa a provisões. Leia mais aqui.


(Com conteúdos publicados originalmente no Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor)

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