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O dia no mercado financeiro promete ser mais uma vez de perdas em todo o globo após Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortar sua principal taxa de juros para sustentar o crescimento econômico em mais uma medida de enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Em comunicado sobre a decisão extraordinária - a reunião para decisão de juros estava marcada para terça e quarta-feira - o Fed justificou a antecipação com a avaliação de que “o surto de coronavírus prejudicou comunidades e interrompeu a atividade econômica em muitos países, incluindo os Estados Unidos”.
Além dos Estados Unidos, os bancos centrais do Canadá, da Inglaterra, do Japão, Europeu e Suíço anunciaram ações coordenadas para melhorar a provisão de dólares no mundo.
O Fed lançou um massivo programa de flexibilização quantitativa (QE) de US$ 700 bilhões (US$ 500 bilhões em compras de títulos e US$ 200 bilhões em hipotecas) e reduziu a zero a taxa de depósitos compulsórios a fim de estimular o crédito privado.
"No Brasil, acreditamos que o Banco Central deverá emitir algum posicionamento oficial em breve. Existe a possibilidade do corte (já esperado) de juros ser anunciado nessa segunda, antecipando a decisão da reunião prevista para acontecer nessa quarta", afirma o analista da XP.
A despeito dos estímulos, as reações são pessimistas nos mercados financeiros em todo o mundo.
As medidas coordenadas são lidas pelos investidores de que os impactos do coronavírus podem ser ainda mais extensos do que se imaginava e há ainda o receio de que os bancos centrais estejam "gastando" toda a sua munição agora e fiquem sem recursos no futuro se forem necessárias novas medidas.
As bolsas asiáticas encerraram em forte queda, os índices da Europa tombam mais de 7% e o índice futuro de referência dos Estados Unidos, o S&P 500, recuou 5% e provocou uma interrupção nas negociações.
Não está descartada do radar a possibilidade um novo circuit breaker também no Ibovespa.
O principal fundo de índice (ETF) de ações brasileiras negociado em Nova York, o EWZ, já opera em queda expressiva no pré-mercado.
Por volta de 8h39, o EWZ tombava 15,12%, a US$ 24,70.
As bolsas asiáticas encerraram em forte queda após o Federal Reserve (Fed) reduzir sua principal taxa de juros.
O mercado de referência de Xangai caiu 3,40% e Tóquio perdeu 2,46%.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng perdeu 4,03%. Em Seul, o Kospi caiu 3,19%, com o BC do país cortando a taxa de juros para 0,75%, de 1,25%.
Na Austrália, o S&P/ASX 200 X perdeu 9,7%. Os índices de referência de Taiwan (-4,05%), Cingapura (-5,24%) e Indonésia (-4,42%) também caíram.
Dados muito negativos foram divulgados no gigante asiático, como as vendas no varejo (-20,5%), produção industrial * (-13,5%) e investimento em ativos fixos (-24,5%).
O petróleo Brent, referência internacional de petróleo, cai quase 8% por volta de 7h35.
Agenda
Os investidores devem continuar atentos a medidas, ao redor do mundo, de bancos centrais e de governos para tentar amenizar os impactos econômicos do novo coronavírus nesta segunda-feira.
Na madrugada, o Banco do Japão (BoJ) antecipou sua reunião de política monetária e anunciou que dobrará a compra de fundos de índice (ETFs) para 12 trilhões de ienes ao ano. Já na Coreia do Sul, o banco central cortou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 0,75%.
Por aqui, os agentes esperam medidas do governo para tentar contornar os efeitos do vírus, enquanto a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central está programada para amanhã e quarta-feira.
O Boletim Focus da semana deve conter atualizações de baixa para o crescimento do PIB deste ano em meio a novas revisões de instituições financeiras, que apontam para uma retomada ainda mais lenta da economia em 2020.
Empresas
Log-in e Mahle Metal Leve divulgam os resultados hoje, após o fechamento do mercado. A Paranapanema também anuncia os resultados sem horário definido. Veja aqui o calendário de balanços completo de março.
A Unipar Carbocloro comenta os resultados hoje às 14h. O lucro da produtora de cloro-soda caiu 17% no quarto trimestre de 2019, para R$ 138 milhões.
A leitura das demonstrações financeiras do IRB do quarto trimestre de 2019 mostra que o ressegurador alterou alguns números que foram relevantes na análise da gestora Squadra sobre o tratamento dado pela empresa a provisões. Leia mais aqui.
(Com conteúdos publicados originalmente no Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor)
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