07 fevereiro 2023

Campos Neto defende autonomia do Banco Central em palestra nos EUA

         



A independência do Banco Central (BC) é importante para que o país pague menos 
juros, disse hoje (7) o presidente do órgão, Roberto Campos Neto. Em palestra
 transmitida pela internet em Miami, Estados Unidos, ele declarou que a autonomia
 do órgão, que vigora desde o ano passado, teve como principal ganho desvincular a
 atuação da autoridade monetária dos ciclos políticos.

“A principal razão, no caso da autonomia do Banco Central, é que desconecta o ciclo 
da política monetária do ciclo político, porque eles têm diferentes durações e
 interesses. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, menos o país
 pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária”, declarou Campos 
Neto durante o evento 2023 Milken South Florida Dialogues, que trata de inovações
 digitais.

Segundo Campos Neto, a autonomia do BC permite a construção de agendas que 
ultrapassam interesses de determinado governo. Ele citou inovações como o Pix e o
 open finance (compartilhamento autorizado de dados entre instituições financeiras) 
como legados da gestão do ex-presidente do BC Ilan Goldfajn, atual presidente do
 Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que estava no evento.

“Ilan está aqui. Começou um grande trabalho, falando sobre inovação. Então cheguei 
lá [no Banco Central], a pressão era muito grande, porque ele fez um trabalho 
maravilhoso e pensei. Como posso melhorar o que foi feito?”, disse.

As falas de Campos Neto ocorrem após várias críticas públicas do presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva à autonomia do BC e aos juros altos. Ontem (6), durante a posse
 do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
 Aloizio Mercadante, Lula classificou de injustificável a manutenção da Taxa 
Selic – juros básicos da economia – em 13,75% ao ano.

“Se a classe empresarial não se manifestar, se acharem que vocês estão felizes com
 uma taxa de 13,5% [na verdade 13,75% ao ano], eles não vão abaixar os juros. Não 
existe nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja nesse patamar. É uma 
vergonha a taxa e a explicação que deram para a sociedade”, declarou Lula em 
discurso.

Moeda digital


Em sua palestra, Campos Neto disse que o BC está empenhado na criação do real 
digital. Segundo ele, a autoridade monetária pretende integrar a divisa digitalizada
 ao Pix e ao open finance.

Na apresentação distribuída aos participantes e divulgada pela assessoria do BC, 
os planos preveem que a Central Bank Digital Currency (CBDC, moeda digital do 
Banco Central na sigla em inglês) comece a operar como um projeto piloto em 
2023 e seja lançada no fim de 2024 ou começo de 2025.

*Agência Brasil.
Edição: Maria Claudia

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